Salvador – A insinuação do relator da CPI dos Correios, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva poderá seguir o mesmo caminho do ex-presidente Fernando Collor de Mello e sofrer um processo de impeachment foi rechaçada ontem por líderes da oposição. Serraglio disse que "vamos ver acontecer o que aconteceu com Collor" e que Lula foi "omisso" ao tratar as denúncias de corrupção, principalmente quanto ao mensalão. O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), disse que Lula deve continuar para que "a desilusão do povo seja completa".

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Segundo ACM, se Lula for "apeado" do poder, "poderá até crescer, pois vão dizer que foi golpe, que tiraram o presidente operário pelo fato de ele ser pobre". O presidente da CCJ do Senado quer para Lula "a derrota nas urnas; esse será o castigo do PT, que enganou o povo brasileiro". Pela segunda vez, na Bahia, Magalhães demonstrou saber da existência do "mensalão" no Congresso. Ele declarou que, se todos os deputados que, supostamente, receberam a mesada forem cassados, "quase um terço (da Câmara) vai embora". ACM afirmou ter convicção que o suposto esquema de corrupção será fácil de ser comprovado pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, "pois é visível na vida das pessoas, quando elas melhoram de nível; isso fica à vista".

O presidente da CCJ brincou com a famosa frase do presidente da República sobre os "picaretas" da Câmara. Para ACM as investigações darão  "razão à tese dos 300 picaretas do Lula, os quais ele incorporou à sua base aliada".

Bobagem

Em São Paulo, o deputado Júlio Semeghini (PSDB-SP) qualificou como "bobagem" de Serraglio, de que o País verá acontecer com Lula o mesmo que se sucedeu com o ex-presidente Fernando Collor de Mello, que foi cassado. Na avaliação de Semeghini, Serraglio ou foi mal-interpretado ou usou palavras erradas para se expressar.

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O importante, segundo o deputado do PSDB de São Paulo, é que cassação não está em discussão. Semeghini disse que o melhor que aconteceu foi o chefe demissionário da Casa Civil, José Dirceu, voltar para o Congresso, levando o debate político ao Legislativo. "No Legislativo, vamos conseguir fazer a CPI e investigar tudo porque culpado não é só quem dá, mas também quem recebe", afirmou Semeghini, que participou hoje de um debate sobre política industrial no Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). Ele disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não tem qualquer relação com o esquema do "mensalão" e que o Congresso penalizará os envolvidos.

Já o bispo D. Tomás Balduíno, presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), disse, no Rio, que a iniciativa do MST de ir às ruas para defender o presidente Lula e o governo do PT será feito com uma cobrança: o compromisso de acelerar políticas sociais, como a reforma agrária. D. Tomás ressalta que a insatisfação com a administração federal é muito grande.

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