Brasília – Apesar de não admitir publicamente, nos bastidores a oposição já se dá por vencida e não tem mais esperança de instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias envolvendo o ex-assessor da Casa Civil, Waldomiro Diniz, flagrado cobrando propina do bicheiro Carlos Cachoeira para financiar campanhas políticas de candidatos do PT e do PSB.
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (SP), disse ontem que pretende questionar no Supremo Tribunal Federal (STF) a decisão do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), de não indicar os integrantes da CPI dos Bingos, cujo requerimento de instalação foi lido na última sexta-feira. A oposição alega que, no caso dos líderes não indicarem os membros da CPI, esta função passa automaticamente para o presidente do Senado. “Pelo jeito que as coisas vão, CPI nunca mais. Nós, minoria, temos de ter o direito de instalar uma CPI quer eles queiram quer não queiram”, disse Virgílio.
Como o regimento do Senado é dúbio, a oposição pretende recorrer à Justiça, mas, Arthur Virgílio admite que dificilmente o STF vai se pronunciar porque este é um assunto interno do Congresso. Para o autor da CPI do caso Waldomiro, Antero Paes de Barros (PSDB-MT), a única maneira das denúncias serem investigadas no Congresso é conseguir as 27 assinaturas para instalar a comissão. Até agora, Paes de Barros coletou 24 assinaturas. “Eu mantenho a esperança de ver esta CPI. A violência do governo em barrar a CPI dos Bingos pode acabar influenciando algum senador a assinar a CPI que estou propondo”, afirmou.
No entanto, em conversas informais, senadores tucanos lembram que o governo poderá repetir com sucesso a mesma estratégia usada para barrar a CPI dos Bingos. Depois que o autor da CPI dos Bingos, senador Magno Malta (PL-ES), conseguiu 36 assinaturas para instalar a comissão, a saída do governo foi articular com os líderes dos partidos da base aliada para que eles não indicassem os integrantes.
Para evitar que o assunto Waldomiro Diniz “morra”, a palavra de ordem da oposição é manter os discursos na tribuna do Senado. Na tarde de ontem, Arthur Virgílio e Paes de Barros se revezaram para criticar a entrevista concedida pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu, à revista “Veja”. “José Dirceu rompeu o silêncio, mas seria melhor que ele permanecesse calado”, criticou Paes de Barros.