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Efraim Morais foi escolhido |
Brasília – Em uma manobra do PFL e do PSDB a oposição desfez um acordo firmado na semana passada e instalou a CPI dos Bingos no Senado, criada no ano passado para apurar principalmente o caso Waldomiro Diniz – ex-assessor da Casa Civil, flagrado pedindo propina para facilitar uma negociação entre uma empresa de tecnologia e a Caixa Econômica.
O presidente, escolhido por unanimidade já que nenhum senador petista estava presente, é Efraim Morais (PFL-PB). O vice-presidente será Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) e o relator, ainda não escolhido, deverá ser governista. Com a ausência quase integral do governo, foi instalada no Senado no início da tarde de ontem a CPI dos Bingos, que vai apurar o caso Waldomiro Diniz e o envolvimento de casas de jogos com o crime organizado.
Graças ao senador Magno Malta (PL-ES), a oposição conseguiu o quórum necessário e foram eleitos o presidente e o vice. A escolha do relator caberá ao bloco do governo. "O direito das minorias está assegurado e para isso tivemos de ir ao Supremo Tribunal Federal. Não temos objetivo de vingança, mas de esclaracer algo que incomoda a opinião pública, a corrupção", disse o senador José Agripino Maia, líder do PFL.
Apesar da instalação, a CPI só deve funcionar de fato em agosto, segundo os líderes da oposição. Magno Malta afirmou que não foi procurado pelo governo e que não poderia deixar de comparecer, porque foi dele o requerimento para a criação da CPI. "Se não viesse, pagaria mico para mim mesmo", disse.
STF mandou
Uma semana atrás, o STF ordenara a instalação da CPI. Por nove votos a um, o Supremo determinou que o presidente do Senado, Renan Calheiros, indicasse os nomes dos integrantes da comissão. No dia seguinte, surgiu no Congresso a notícia de que líderes dos partidos da base e da oposição haviam chegado a um acordo para indicar os membros da CPI, mas não instalá-la de fato. A idéia seria concentrar esforços na CPI dos Correios. O acordo, segundo alguns deputados, teria sido patrocinado por Renan Calheiros.
O presidente do Senado negou com veemência. "Se não quiserem investigar, que assumam que não querem, mas não digam que houve acordo de líderes para isso. Muito menos na minha sala", disse. O episódio gerou estresse entre Renan e o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), que afirmou não haver intenção de enterrar a CPI, mas, sim, de avaliar o melhor momento para instalá-la. O PFL passou então a ser um dos mais aguerridos defensores da instalação da CPI dos Bingos. O líder Agripino Maia confirmou que jamais houve acordo para que ela não se realizasse.
