No dia seguinte à aprovação do novo projeto de zoneamento, pela Câmara Municipal, o prefeito Fernando Haddad (PT) fez críticas aos vereadores que se queixaram de falta de transparência no processo de votação do projeto na Casa e que pretendem ir à Justiça contra a lei. “É um jogo de cena um pouco infeliz porque desrespeita o trabalho de todos os vereadores que se sentiram contemplados”, disse Haddad nesta sexta-feira, 26, ao jornal O Estado de S. Paulo.
Após nove meses de debates, quatro versões do texto e muitas mudanças de última hora, o texto foi aprovado nesta quinta-feira, 25, com apoio de 45 dos 55 vereadores. Oito votaram contra, e parte desses parlamentares da oposição quer agora contestar a lei na Justiça. O projeto segue para sanção do prefeito, que até março deve divulgar um posicionamento.
“Essas declarações (da oposição) são um jogo de cena porque nós tivemos maioria nas bancadas de oposição. A maioria do PSDB apoiou, a maioria do PMDB apoiou, a maioria do PSD apoiou e a maioria do PTB apoiou, que são partidos que não vão provavelmente estar conosco em 2016”, afirmou.
Segundo o prefeito, os vereadores tentam “confundir a opinião pública” ao acatar sugestões de associações de moradores e outras entidades da sociedade civil e, em seguida, questionar o resultado na Justiça.
A “tendência de judicializar tudo”, conforme Haddad, só “sobrecarrega o Judiciário e sem efeito concreto”. “Em geral, acabam não sendo bem-sucedidos porque as teses são muito frágeis”, disse.
Haddad elogiou o relator do projeto, Paulo Frange (PTB), por ter acolhido pedidos dos movimentos organizados de bairro. “O relator teve muita felicidade em acolher, na fase final do processo, interesses que ele julgou legítimo dos seus pares”, destacou.
Para o prefeito, o número “pequeno” de representantes da sociedade nesta quinta-feira na Câmara é resultado da receptividade, por parte de Frange, das sugestões acatadas ao longo da discussão na Casa.
“Pela intensa participação social que houve, a presença inclusive nas galerias desse público que participou foi muito pequena. Se sentiram contemplados pelo relatório final. Se não tivessem se sentido contemplados, a Câmara estaria cheia ontem, o que não aconteceu”, afirmou Haddad.
Última hora
Ao longo do dia, pedidos de correção de mapas, alterações de texto e revisão de parâmetros que contrariam o Plano Diretor, como o aumento de vagas de garagem, foram apresentados mesmo por vereadores que compõem a base aliada.
Milton Leite (DEM) só aceitou votar a favor depois de receber o compromisso do governo de acatar suas reivindicações. Entre elas, está uma mudança no zoneamento do Parque São Jorge, na Marginal do Tietê, zona leste, a fim de permitir ao Corinthians derrubar parte do estádio para construir uma arena multiuso no local.
Essas e outras mudanças de última hora foram criticadas por vereadores como Ricardo Young (PPS), que disse faltar transparência ao processo. Ele e Natalini querem agora contestar a lei na Justiça.
Haddad, porém, ressaltou que foram nove meses de tramitação e “quase uma centena de audiências públicas”.