São Paulo (AE) – O cientista político da Tendências Consultoria Integrada, Rogério Schmitt, disse ontem não acreditar que o PSDB e o PFL farão oposição à aprovação de reformas e dificultem a governabilidade durante o segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em sua avaliação, Lula dificilmente conseguirá construir a figura de um petista capaz de substituí-lo e vencer as eleições e, portanto, os partidos de oposição devem vencer as eleições para a Presidência da República em 2010.

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?Há incentivos para que partidos como o PSDB e o PFL cooperem com a agenda do governo, apesar de não serem aliados incondicionais?, afirmou, durante painel na sede da Amcham que discutiu o cenário político do País para 2007. ?Para eles, portanto, é importante que Lula aprove reformas impopulares em seu governo, como a trabalhista e a da Previdência, que dinamizem a economia e possibilitem a obtenção do investment grade. É importante, portanto, para esses partidos, que Lula faça o trabalho sujo?.

Segundo Schmitt, antes da crise do mensalão, cerca de 30% dos deputados tucanos e pefelistas votavam a favor do governo. ?O governo só conseguiu aprovar algumas medidas mais polêmicas por causa dos votos do PSDB e do PFL. Vários parlamentares desses partidos são favoráveis às reformas??, informou. Para ele, com 60% dos deputados e 50% dos senadores, o governo, apesar de não ter uma maioria absoluta, tem uma situação relativamente confortável. Ele lembrou ainda que cerca de 20% dos deputados mudam para partidos da base governista entre as eleições e a posse presidencial.

Para o cientista político, há ainda a questão da cláusula de barreira, que diminui o número de partidos da Câmara de 22 para dez – sete ultrapassaram a cláusula e três novos partidos foram formados por meio de fusões. ?Isso facilita a formação de uma maioria no Congresso?, disse. Além disso, a disposição do governo em ceder mais ministérios para o PMDB é mais um ponto a favor da governabilidade.

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Schmitt ponderou, entretanto, que existem questões contra a governabilidade que vão além do posicionamento dos partidos de oposição. Um deles é o próprio PT, que ?não gosta de ceder espaços e quer mandar em tudo ao mesmo tempo?. A coalizão de partidos que apóiam o governo, em sua opinião, é muito numerosa e pulverizada. ?É muito mais fácil surgir problemas numa coalizão que tem deputados comunistas e fisiológicos do que em uma base mais pragmática e formada por deputados centristas?.

De acordo com ele, um dos pontos positivos é o fato de a bancada que o PT elegeu neste ano ter um perfil menos esquerdista. ?É paradoxal: para que Lula faça um bom governo, é preciso que o PT esteja mais fraco?, opinou. ?As correntes mais radicais perderam força e o perfil dos eleitos em 2006 é mais pragmática e governista. Nem tudo, portanto, está perdido?.

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