Os partidos de oposição se surpreenderam com o teor da proposta enviada pelo governo ao Congresso prevendo a contratação de servidores públicos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) para hospitais públicos federais e órgãos de oito ministérios, sem que esses empregados tenham direito à estabilidade no serviço. Para os adversários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a proposta representa uma retomada de pontos da reforma administrativa apresentada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso no seu primeiro mandato (1995-1998) e que foi contestada duramente na ocasião pelo próprio PT.

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"Só para ficar no contexto dos Jogos Pan-Americanos, se houvesse uma competição de incoerência política, o presidente Lula já estaria com a medalha de ouro no peito", ironiza o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), ex-integrante do PT. "Gostaria de saber em que momento das duas campanhas presidenciais, Lula falou que precisaria criar uma fundação estatal de direito privado para tratar da Saúde ou de outras áreas. Pelo que me lembro, aliás, um dos motes de campanha contra o adversário Geraldo Alckmin era dizer que se ele fosse presidente, privatizaria tudo. Essa proposta representa um sinal de pouca confiança do governo no funcionalismo. É uma visão neoliberal para o setor", critica o deputado.

PSDB

Para os parlamentares tucanos, a tendência é que o PSDB acabe apoiando a proposta. "Até porque seria incoerente de nossa parte ficar contra algo que tentamos aprovar durante todo o governo Fernando Henrique, dentro da reforma administrativa", afirma o líder da minoria na Câmara, deputado Júlio Redecker (PSDB-RS). "Mas parece que o PT funciona como violino dentro do governo. Pega com a esquerda, mas toca com a direita. Estão aprofundando o governo neoliberal do presidente Fernando Henrique e superando o mestre", provoca.

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Os parlamentares de oposição também estão surpresos com a reação favorável à proposta demonstrada por antigos adversários ferrenhos de idéias desse tipo, como o deputado federal Vicente Paulo da Silva (PT-SP), o Vicentinho, ex-presidente da CUT. "Eles agora seguem a cartilha do neoliberalismo e parecem ficar embevecidos com qualquer proposta que venha do Palácio do Planalto", critica Redecker.