Foto: Agência Brasil |
Ministro da Economia, Antonio Palocci: um desafio no Congresso. continua após a publicidade |
Acertada a convocação do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, a ordem da oposição na CPI dos Bingos está dada: desconstruir a defesa enfática feita por ele, semana passada, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, de que não houve corrupção em suas gestões na prefeitura de Ribeirão Preto, no interior de São Paulo.
O desafio dos integrantes da CPI é estabelecer uma conexão entre o suposto esquema de Ribeirão Preto e as possíveis irregularidades com a arrecadação de recursos para a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Daqui em diante, os técnicos que assessoram a CPI dos Bingos, controlada pela oposição, estão incumbidos de vasculhar contratos, analisar cuidadosamente quebras de sigilo, colher provas e encontrar testemunhas que possam desestabilizar o pilar mais sólido do governo petista até agora, para cumprir o objetivo da oposição de minar as chances de reeleição de Lula.
Embora a guerra esteja declarada, a estratégia é atacar com cautela e paciência e evitar sujar as mãos. Nas inúmeras reuniões de PSDB e PFL semana passada, um ponto foi consenso entre os parlamentares dos dois partidos: a oposição não poderá arcar diretamente com o ônus de uma possível queda de Palocci e, conseqüentemente, de uma desestabilização da economia.
Um dos mais importantes representantes da oposição na CPI disse, sexta-feira, que uma queda de Palocci, causada pela oposição, pode ser mortal. Nenhum tumulto na economia, disse, pode ser imputado à comissão.
Já o governo vai tentar derrubar o discurso de PSDB e PFL de que fazem uma oposição responsável. O contra-ataque governista vai usar como uma das armas a rejeição à medida provisória que criaria a Super-Receita, derrubada anteontem no Senado.
?Toda essa fúria investigatória teria que automaticamente ser transformada em votos para aprovar a Super-Receita, que aumentaria a estrutura para combater a sonegação. Isso é absurdamente contraditório e demonstra que eles (a oposição) não estão afim de investigar porcaria nenhuma, e sim fazer palanque?, esbravejou a senadora Ideli Salvatti (PT-SC).
Caso não haja contratempo, a convocação de Palocci será formalizada na próxima terça-feira. Nos bastidores, o PT tentou impedi-la, mas a tendência agora é votar a favor, uma vez que o próprio Palocci disse na CAE que está à disposição de qualquer CPI. A data do novo depoimento vai depender da velocidade com que a CPI reúna informações sobre as denúncias referentes à chamada ?República de Ribeirão Preto?.
?Não é provincianismo, não estou preocupado com a gestão dele em si, mas com o fato de que prefeituras como essa foram usadas como alavancas para esse projeto de poder do PT, que nos levou a tudo o que estamos assistindo hoje?, disse o líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM).
Antes de Palocci voltar ao Senado, a CPI ouvirá um de seus principais comandados: Ademirson Ariovaldo da Silva, assessor especial do ministro, que já teve a convocação aprovada. Ademirson reapareceu nas investigações da comissão com a quebra do sigilo telefônico do economista Vladimir Poletto, acusado de transportar dólares supostamente vindos de Cuba para a campanha de Lula, em 2002.