Enquanto o Planalto buscava alternativas jurídicas para ressuscitar a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo, os senadores do PMDB comemoravam. As lideranças peemedebistas não esconderam que tramaram a derrota do governo e os senadores da oposição festejaram a carona na insatisfação do PMDB. Para o senador Heráclito Fortes (DEM-PI), o que se viu na quarta-feira ?foi a sessão mais combinada e mais inteligente do Senado?.
Nas entrevistas ao longo do dia, o líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), passou a clara sensação de que a bancada havia feito o dever de casa ao demonstrar ao Planalto que sem a maioria de seus votos – foram 16 dos 19 senadores – nada será aprovado. ?Quando vota 100% das matérias, falam que o PMDB é vaca de presépio, só balança a cabeça para o governo. Quando vota contra uma matéria, aí já é rebeldia, é querer desestabilizar o governo?, disse Raupp. A rebelião foi um aviso de que o grupo pode inviabilizar a votação da CPMF. ?Se é um governo de coalizão, precisa haver parceria na base?, reclamou Raupp, que se sente desprestigiado no governo.
Na prática, o certo é que ninguém foi surpreendido pela rebeldia. Nem mesmo o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR). Ele admite que não faltaram motivos para ?a manifestação legítima da bancada?. ?É preciso um pouco mais de cuidado do governo com o Senado. Aqui se nota um pouco de carência. Todo mundo busca sentimento. Eu mesmo sou carente.
O líder diz ter recebido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a recomendação de ?ter tranqüilidade e trabalhar para juntar a base para votar a CPMF e outras matéria importantes?. De maneira irônica, acrescentou: ?A bancada tem todo o direito de dizer que está insatisfeita, mas não precisava ter chegado ao tiro no peito.?
