Brasília – O ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, ficou irritado ontem. Deputados de partidos de oposição que integram a Comissão Especial da Reforma da Previdência conseguiram aprovar a realização de audiências públicas para debater a reforma nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul e Bahia. A aprovação (por 15 votos favoráveis, 14 contra e uma abstenção do deputado Roberto Brant, que preside a comissão) representa uma derrota ao governo já que a intenção dos membros da oposição é atrasar a tramitação da reforma com a realização das audiências.
A surpresa, no entanto, veio de dentro da própria base aliada. Deputados de partidos ligados ao governo votaram a favor do requerimento de Onyx Lorenzoni (PFL/RS) para pedir a realização das audiências. Entre os governistas que votaram favoravelmente ao requerimento da oposição, estão Jandira Feghalli (PCdoB/RJ) e Carlos Mota (PL/MG). Quatro titulares do PMDB se ausentaram da seção, o que permitiu a vitória apertada. Apesar da derrota, o líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PCdoB/SP) avaliou que o cronograma da reforma da Previdência não será atrasado porque as audiências nos estados serão realizadas nas segundas e sextas-feiras.
Durante reunião com os líderes e vice-líderes do governo na Câmara, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, pediu explicações sobre a derrota do governo na comissão especial da reforma da Previdência onde a oposição conseguiu aprovar um requerimento para a realização de audiências públicas que deve atrasar o cronograma de votação da reforma. Segundo o vice-líder Professor Luizinho (PT-SP), Dirceu não fez cobranças e sim quis apenas saber o que aconteceu, já que o governo tem teoricamente maioria na comissão. Luizinho disse ainda que eles ficaram de conversar mais tarde sobre esse assunto.
O deputado negou que o governo tenha sofrido uma derrota na comissão. “Derrota é quando a gente perde no mérito”, alegou.
