Brasília – Depois do bate-boca na Comissão de Constituição e Justiça do Senado entre o governo e a oposição, o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), apresentou ontem à Mesa do Senado o requerimento de instalação de uma CPI para apurar a morte de Celso Daniel, prefeito petista de Santro André. A 27ª assinatura para garantir a instalação da CPI foi dada pelo senador José Tenório (PSDB-AL), suplente de Teotônio Vilela.
Durante toda a manhã e parte da tarde de ontem, a oposição ameaçou com o pedido da CPI sobre Celso Daniel, que teria sido morto após descobrir um esquema de propina na prefeitura. As assinaturas são resposta da oposição ao empenho do governo para evitar a CPI dos bingos. Sobre essa CPI, o relator da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), recomendou à CCJ que rejeite os recursos da oposição contra a decisão da base aliada de não indicar seus representantes para a investigação. Para Quintanilha, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), está amparado no regimento da Casa e cabe aos líderes dos partidos indicar os integrantes da CPI.
A decisão dos 23 senadores da CCJ sobre o relatório foi adiada para a tarde. Até então, foram apresentados três votos em separado, de autoria de Antero Paes de Barros (PSDB-MT), José Jorge (PFL-PE) e Demostenes Torres (PFL-GO). Eles são contrários à decisão do presidente do Senado, José Sarney, de não instalar a CPI ante a recusa dos governistas em participar do colegiado. Os ânimos estiveram exaltados durante todo o dia entre governistas e oposicionistas, que trocaram acusações e ameaças.
O líder do governo, Aloizio Mercadante (PT-SP), disse ter uma lista de CPIs que não foram instaladas e que nunca houve tanta polêmica como agora. Ele citou a CPI do SUS (Sistema Único de Saúde), de autoria do senador Tião Viana (PT-AC), que apuraria a gestão do ex-ministro da Saúde José Serra, atual presidente do PSDB. O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) reagiu: “Chega de ameaça. Se quiserem, eu assino a CPI do SUS e quero ver se o Mercadante é homem para assinar a CPI de Santo André”, disse o tucano. O líder do PDT, Jeffeson Peres (AM), bastante irritado, disse que o governo estava “partindo para um caminho para deixar de ser adversário e virar inimigo”.
O líder da minoria no Senado, Efraim Morais (PFL-PB), disse que a base aliada do governo colabora com a impunidade ao se recusar a indicar seus representantes para a CPI dos bingos e ao não assinar o requerimento para a CPI do caso Waldomiro.
