Brasília – O PFL decidiu ontem entrar com representação no Ministério Público Federal pedindo que o órgão investigue possível crime de tráfico de influência nas atividades de Genival Inácio da Silva, o Vavá, irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Vavá teria aberto um escritório para intermediar negociações entre empresas privadas e órgãos federais.
Os senadores do PFL disseram que, por enquanto, o caso não deve ser tratado em uma das CPIs em andamento no Congresso. "O MP pode apurar se ele se aproveitou desse parentesco. É mais uma denúncia grave do lobismo nacional", disse o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). O assessor especial da presidência César Alvarez confirmou no domingo que se encontrou no Palácio do Planalto com Vavá, mas negou ter encaminhado no governo um pedido de integrantes da Federação Brasileira de Hospitais que acompanhavam o irmão do presidente.
Alvarez disse que ficou surpreso com o fato de Vavá estar com aquelas pessoas e que se recusou a recebê-las em audiência formal. Ele contou que chegou a se irritar e ser ríspido com o advogado dos empresários e que informou o caso ao presidente. "Recebi Vavá como recebo qualquer cidadão brasileiro. Fui surpreendido pelo fato de aquelas pessoas estarem acompanhando o Vavá. Eu não caracterizaria isso como uma reunião rápida. Disse a eles que era um assunto deles com o Ministério da Saúde e que não tinham por que tratar comigo. Achei aquilo altamente inoportuno e, inclusive, fui ríspido com o advogado", disse Alvarez.
Segundo reportagem da revista Veja deste fim de semana, Vavá tem um escritório em São Bernardo do Campo que intermediaria interesses de empresários junto a órgãos do governo. No caso da Federação Brasileira de Hospitais, a entidade tem uma dívida de R$ 580 milhões a receber da União e quer que o governo acelere o pagamento, já garantido na Justiça. Amigo de Lula, Alvarez disse que conhece Vavá há anos: "Vavá é uma figura muito simples e muito bondosa".