Oposição a Chávez repudia ajuda

A oposição ao governo venezuelano classificou ontem como “hostil” qualquer possível ajuda ao abastecimento de combustível que o futuro governo brasileiro do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva possa dar a Hugo Chávez, na Venezuela, que sofre com uma paralisação de 24 dias da indústria petroleira.

O dirigente político oposicionista Timóteo Zambrano, membro da mesa de negociação entre o governo e a oposição, afirmou que a ajuda brasileira seria uma violação expressa da soberania e um sinal de não reconhecimento do conflito venezuelano. “É uma atitude hostil à sociedade democrática, com a Coordenação Democrática (organização que reúne partidos, movimentos e entidades de oposição a Chávez)”, disse Zambrano.

O delegado afirmou que o anúncio emitido ontem pelo assessor internacional de Lula, Marco Aurélio Garcia, só “busca quebrar a paralisação cívica nacional”, convocada pela oposição para exigir a renúncia de Chávez ou eleições antecipadas.

Garcia, que esteve de visita em Caracas na semana passada para analisar o conflito venezuelano, informou que só depois da posse em primeiro de janeiro, Lula e Chávez vão discutir uma ajuda mútua petroleira. Na última segunda-feira, o presidente Fernando Henrique Cardoso disse que o Brasil deverá mandar gasolina para a Venezuela. O país fez o pedido na semana passada, para combater os efeitos da greve geral iniciada no dia 2. “Possivelmente nós vamos mandar”, disse FHC. “No domingo (22), conversei com o presidente da Petrobras, Francisco Gros, para que possamos remeter gasolina à Venezuela, algo de que eles estão precisando muito. Também precisam de navios, mas o governo brasileiro não possui tais embarcações. Os navios pertencem à Petrobras, sob a forma de arrendamento, e não é fácil deslocá-los.”

Crise

A oposição venezuelana rejeitou na terça-feira o pedido de trégua de Natal feito por Chávez, e decidiu prosseguir com a greve nacional. A greve, que parou a produção de petróleo no quinto maior exportador do mundo, foi convocada por grupos de empresários, sindicatos e partidos políticos que culpam Chávez pela crise econômica. A paralisação atingiu seriamente o fornecimento de gasolina e causou certa falta de comida.

Chávez afirma que a greve é sabotagem a sua “revolução” de esquerda. Líderes grevistas e Hugo Chávez suspenderam até hoje as conversações que visam a resolver o conflito político que dividiu o país e fez os preços do petróleo saltarem. Os dois lados trocaram acusações de terem “roubado” o Natal

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