São Paulo (AE) – Depois de estragar a festa do Primeiro Comando da Capital em Porto Alegre, a Polícia Federal voltou-se para São Paulo, deslocando homens e helicópteros para caçar bandidos do PCC. Quase uma centena de agentes desembarcou ontem no estado para iniciar a segunda fase da Operação Facção Toupeira: a busca pelo patrimônio, documentos, armas e drogas do crime organizado.
Além de São Paulo, os federais expandiram a operação para mais dois estados: Paraná e Mato Grosso. Eles se somam aos outros dez onde os agentes cumpriram mandados de prisão e fizeram buscas sexta-feira. Os policiais devem cumprir 84 mandados em todo o Brasil. Até agora, 40 pessoas foram presas pela PF. Outras seis estão foragidas.
Em São Paulo, os federais iniciaram as buscas às 7h na capital e na região metropolitana. Tentavam prender dois líderes do PCC, identificados com base no trabalho da inteligência da PF. Também começaram a revistar imóveis dos integrantes do grupo e de seus parentes. As investigações da polícia indicam que a maior parte dos R$ 164 milhões furtados por grandes assaltantes e por bandidos ligados ao PCC do Banco Central de Fortaleza, em 2005, foi usada para a compra de imóveis e drogas.
O objetivo da polícia é pedir o seqüestro dos imóveis à Justiça Federal. Os agentes também sabem que uma parte menor do dinheiro furtado ainda está guardada. Os mandados de busca e apreensão pedidos pela PF à Justiça incluíam, por isso, as casas de parentes dos criminosos, onde eles podem ter escondido o dinheiro.
A operação de ontem complementa a de sexta-feira, que representou a maior vitória da PF no combate ao crime organizado Os bandidos detidos planejavam o furto simultâneo de milhões guardados nos cofres do Banrisul e da Caixa Econômica Federal no centro de Porto Alegre. Para isso, compraram por R$ 1,2 milhão um prédio a partir do qual estavam construindo um túnel para entrar nos cofres dos bancos. O trabalho deveria ser concluído em 7 de setembro, programado para ser o Dia D do PCC na guerra que iniciou em maio contra as autoridades paulistas.
Além de desbaratar a quadrilha responsável pelo mais audacioso plano do PCC desde o furto no BC, os agentes conseguiram deter dois líderes da facção: Lucivaldo Laurindo, o Torturado ou Tatuzão, e Carlos Antônio da Silva, o Balengo. O primeiro foi o mentor do furto no BC e o segundo é suspeito de ter comandado o seqüestro, em agosto, do jornalista Guilherme Portanova, da TV Globo.