Uma operação da Polícia Civil prendeu, nesta quarta-feira, 6, dois empresários e o diretor de Transportes da prefeitura de Araçariguama, interior de São Paulo. As prisões, realizadas também em Itapevi e Alphaville, na Região Metropolitana de São Paulo, decorreram de uma investigação iniciada há cinco meses pela Polícia Civil de Sorocaba para apurar um esquema de fraudes em licitações, lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa. O grupo é acusado de fraudes em ao menos 15 contratos, um deles no valor de R$ 2 milhões.
Durante as buscas, foram apreendidos nove carros, entre eles modelos de luxo, como uma Ferrari, um Porsche, duas BMW e uma Mercedes. A operação apreendeu ainda R$ 30 mil em dinheiro, documentos, computadores e celulares. Conforme o delegado seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, a suspeita é de que os bens tenham sido adquiridos com o dinheiro das fraudes. “Os donos desses veículos caros não demonstraram de onde veio o dinheiro para as aquisições”, disse. Foram ainda realizados dos bloqueios de 200 veículos das frotas das locadoras, além de bens, imóveis e valores bancários dos suspeitos e suas empresas.
Conforme o delegado, os empresários – e que não tiveram os nomes divulgados porque as investigações continuam – são donos de locadoras de carros que participaram de licitações em prefeituras. Além de Araçariguama, prefeituras de outras cidades podem estar envolvidas, segundo o delegado. “As empresas cediam menos carros que o número previsto em contrato, mas recebiam o valor integral. As locadoras cobravam pelo combustível e pela cessão de motoristas que, conforme as licitações, deveriam ser fornecidos pelas próprias empresas”, detalhou.
As buscas incluíram o prédio do Departamento de Transportes de Araçariguama, onde foram apreendidos um carro e documentos. Segundo o delegado, as investigações vão prosseguir e uma nova fase será deflagrada para descobrir o destino do dinheiro retirado dos contratos licitatórios. A Operação Tersus, palavra que significa ‘limpeza, mobilizou 50 policiais civis, entre eles quatro delegados, e 15 viaturas. A reportagem entrou em contato com a prefeitura de Araçariguama e aguardava o retorno.
Prefeitura diz ter colaborado com investigações
A prefeitura de Araçariguama informou que os contratos objetos de investigação foram celebrados em gestões anteriores, nos anos de 2009, 2014 e 2016. Segundo a prefeitura, na atual gestão, houve redução nas locações com a aquisição de veículos próprios. No caso dos contratos, há modalidade em que o abastecimento é feito pela prefeitura, dada a impossibilidade de se prever a quantidade de combustível a ser gasta.
A prefeitura informou ter enviado às autoridades todas as informações necessárias, bem como todos os contratos e outros elementos para esclarecer o caso. Uma sindicância foi aberta para apurar os fatos na esfera administrativa, visto que os contratos já foram auditados pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE) que, à época, constatou a regularidade deles. A prefeitura informou ainda que apoia as investigações.