Dois diretores de presídios de Corumbá, em Mato Grosso do Sul, foram presos na manhã desta segunda-feira, 23, em uma operação do Grupo de Atuação Especial do Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público estadual. Eles são suspeitos de favorecer a ação de um grupo ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) que, do interior das unidades prisionais, comandava o tráfico de drogas na região. Os promotores cumpriram 12 mandados de busca e apreensão, nove de prisão temporária e um de condução coercitiva.

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Foram presos temporariamente Ricardo Wagner Lima do Nascimento, diretor do Estabelecimento Penal Masculino, de regime fechado, e Douglas Novaes Vilas, diretor da unidade do regime semiaberto. Eles são suspeitos de associação criminosa, corrupção e peculato, além de falsidade documental. Um líder do PCC, preso na penitenciária masculina, e quatro detentos do semiaberto também foram autuados.

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Dois comerciantes da cidade que têm vínculo de parentesco com os presos da facção, e participavam do esquema, também foram presos.

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O vereador reeleito de Corumbá, Yussef Mohamad El Salla (PDT), foi conduzido coercitivamente por promotores do Gaeco. Até a tarde, ele continuava prestando depoimento. Sua clínica de fisioterapia foi alvo de buscas. O vereador é suspeito de fornecer atestados médicos falsos aos detentos. O advogado de Salla, Márcio Saldanha, disse que só se manifestaria após tomar conhecimento das acusações. Os mandados, expedidos pelo juízo da 2.a Vara Criminal, foram cumpridos em 12 pontos da cidade.

A operação, batizada de Xadrez, em referência aos presídios, teve o apoio dos batalhões de Operações Policiais Especiais (Bope) e de Choque da Polícia Militar, e do Departamento de Operações de Fronteira (DOF) de Mato Grosso do Sul. Os policiais revistaram os presídios e apreenderam dezenas de celulares, drogas e dinheiro. O MPMS informou que as investigações prosseguem, por isso não serão divulgados todos os detalhes da operação.

A Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) informou em nota ter determinado que sua procuradoria jurídica e a corregedoria geral acompanhem os fatos e seus desdobramentos, “instaurando processo administrativo para apurar as condutas narradas e responsabilidade”. Segundo a Agepen, serão designados diretores interinos para que as atividades dos presídios sejam mantidas. Até o fim da tarde, os diretores presos não tinham constituído advogados.