A Polícia Federal vai investigar a relação de políticos com empresas e organizações não governamentais (ONGs) envolvidos na quadrilha, desmantelada pela operação Águas Profundas, que desviava recursos da Petrobras mediante contratos fraudados, superfaturamento de preços e recebimento por serviços não realizados. O delegado Cláudio Nogueira, encarregado do inquérito, informou que novos elementos confirmam que há conexão entre os dois esquemas. "O modus operandi é o mesmo e até alguns personagens se repetem", disse.
A ponte entre os dois esquemas, segundo Nogueira, era feita pelo empresário Ruy Castanheira, preso na operação. Ele comandaria o grupo de ONGs que recebia repasses da estatal por serviços fictícios. O empresário, ainda conforme o delegado, teria montado um "laranjal" de empresas fantasmas para emissão de notas fiscais frias. Castanheira, conforme o inquérito da PF, teria sido o principal idealizador do esquema de movimentação do dinheiro desviado da Petrobras. Para isso, ele se valia de laranjas e empresas fantasmas. Parte do dinheiro desviado irrigava campanhas políticas.
Entre os que se beneficiaram desse esquema estariam integrantes do PT e políticos de vários partidos, entre os quais os ex-governadores do Rio Rosinha Matheus e Anthony Garotinho, seu marido. A informação do delegado contraria declaração dada ontem pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, segundo a qual a investigação da PF não tem relação com doações eleitorais dos envolvidos no esquema de corrupção descoberto na Petrobras.
