Genebra – A ONU quer transformar o Brasil em um país de destino para refugiados de todo o mundo. Nos próximos meses, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) terá escritório em Brasília para intensificar os trabalhos no País e acertar com o governo um sistema para que refugiados possam ser recebidos pelo governo brasileiro.
A ONU aponta que o Brasil, apesar de ter problemas sociais ainda graves, poderia ter um papel parecido ao do Canadá ao receber pequenos grupos e famílias que estejam fugindo de locais de conflito. Um dos objetivos dessa iniciativa da ONU seria o de aumentar a participação do Brasil na solução para o conflito colombiano. Um vídeo com imagens do País já foi preparado pelas Nações Unidas e está sendo mostrado à famílias colombianas.
O mesmo vídeo poderá ser enviado a várias regiões do mundo para oferecer aos refugiados o Brasil como opção de destino. Além do escritório do Acnur em Brasília, a ONU pretende realizar uma conferência entre os países da América do Sul para que a região comece a debater o que fazer com o volume crescente de colombianos que tem deixado o país. “Queremos que o Brasil, como todo seu peso na região, esteja envolvido no processo”, afirmou Kamel Morjane, diretor adjunto do Acnur. Segundo ele, a crise colombiana de pessoas desabrigadas é a terceira pior do mundo, atrás apenas de Congo e Sudão.
Informações obtidas pela reportagem apontam que a ONU está em negociação com o governo brasileiro para que 50 colombianos que já estão refugiados no Equador sejam recebidos pelo País. Jozef Merkx, principal encarregado do Acnur para as Américas, lembra que os refugiados selecionados seriam aqueles que mesmo tendo deixado a Colômbia, ainda continuam se sentindo inseguros no Equador. Reuniões entre a ONU e o Brasil estão ocorrendo na embaixada do País em Quito para determinar como esses colombianos poderiam ser recebidos por Brasília.
Apesar de parte dos esforços estar concentrado no papel do Brasil na crise colombiana, o Acnur aponta que o País poderia ser usado para receber refugiados de qualquer parte do mundo, em especial de países de língua portuguesa. Hoje, cerca de 3 mil pessoas contam com estatus de refugiados no Brasil e muitos são de origem africana. Há dois anos, 25 afegãos também foram trazidos ao País, mas já retornaram a seu país de origem por não terem contado com um suporte financeiro adequado da ONU.
Caberia ao governo garantir escola, saúde e moradia aos estrangeiros.
