Foto: Agência Brasil

 Bicudo: "É infantil dizer que não existe maneira".

continua após a publicidade

A Organização das Nações Unidas (ONU) cobra do governo brasileiro uma informação que muitos no País também gostariam de saber: quantos no Brasil já foram de fato condenados até hoje pelo crime de corrupção. A questão foi colocada pelo Comitê de Direitos Humanos que, desde ontem, realiza em Genebra uma sabatina sobre a situação dos direitos humanos no País. A resposta do governo, porém, foi simplesmente de que não há como saber quantos já foram julgados e condenados por corrupção, nem pelas demais violações aos direitos humanos.

O Brasil explicou que o País ainda não conta com um sistema de coleta desse tipo de dados e apontou que uma resposta poderia ficar para a próxima sabatina, que ocorre em cinco anos. "É até infantil dizer que não existe uma maneira de obter os números", afirmou o jurista Hélio Bicudo, que acompanhou a reunião em Genebra como um dos representantes da sociedade civil. "Os números existem. Porque é que não podem ser dados", questionou um representante da Human Rights Watch. A ONU ainda destaca que os casos relatados de corrupção no Poder Judiciário contribuem para a "impunidade para crimes de direitos humanos". Por isso, quer saber o que está sendo feito para garantir a imparcialidade e transparência do Judiciário.

Mario Mamede, subsecretário de Direitos Humanos do governo, reconhece que o Judiciário é um "gargalo " no acesso à Justiça e direitos humanos hoje no Brasil. Mas afirma que apenas conta com número de pessoas presas durante a gestão do presidente Luis Inácio Lula da Silva em relação à corrupção. "Mil e duzentas pessoas foram presas por corrupção, entre elas 819 políticos", afirmou. "Mas não há um sistema integrado que nos permita obter informações sobre quantos já foram condenados por corrupção", justificou.

continua após a publicidade