SEGURANÇA

Onix tira nota zero em teste de colisão e Proteste quer carro fora das lojas

Carro mais vendido no Brasil desde 2015, o Chevrolet Onix decepcionou em sua segunda passagem no Latin NCAP, órgão avaliador da segurança dos automóveis vendidos na América Latina.

Os resultados da nova bateria de testes divulgados nesta quinta-feira (11) revelaram que o hatch compacto reprovou nas provas de impacto lateral – obrigatórias desde o protocolo de 2016. As notas foram zero (nenhuma estrela, de um total de cinco) na proteção para passageiros adultos e apenas 3 para crianças.

Ele foi submetido a critérios mais rigorosos do que aqueles enfrentados em dezembro de 2014, na primeira avaliação, quando os testes eram somente com impacto frontal. Há dois anos, o Chevrolet havia obtido índice 3 para adultos e 2 para crianças.

No intervalo entre as duas avaliações o Onix, assim como o Prisma, ganhou uma reestilização visual, uma recalibração de motores e novos equipamentos de conforto. No entanto, alguns dispositivos de segurança importantes ficaram de fora.

É o caso dos controles de estabilidade e de tração, cintos de três pontos e encosto de cabeça em todas as posições, ganchos Isofix para cadeirinhas infantis e airbags adicionais. Justamente itens que pesam na classificação do Latin NCAP e influenciaram na nota mais baixa.

Retirada do Onix do mercado

Diante do resultado, a Proteste – associação nacional de defesa dos consumidores – pedirá a retirada do mercado do Chevrolet Onix. “É uma ofensa à inteligência do consumidor que a General Motors, que afirma que o Onix é baseado numa plataforma global, não tenha tido êxito na versão avaliada pelo Latin NCAP”, disse Henrique Lian, gerente de Relações Institucionais e Mídia da Proteste.

Na opinião dele, “o carro não seria aprovado pela regulação da Nações Unidas (UN95), na Europa, nem pela Norma Federal de Segurança Veicular EE.UU (FMVSS214), nos Estados Unidos.

Por meio de abaixo-assinado colhido dos consumidores, a entidade pretende pedir um recall do modelo já comercializados desde 2012, encaminhando o documento ao Denatran e ao Ministério Público Federal.

A intenção do Proteste é de que o carro não seja mais vendido até que os problemas estruturais sejam solucionados e ele venha a encarar um novo teste de impacto. A entidade sugere a instalação de barras de reforço estrutural nas laterais para tornar o veículo mais seguro.

O organismo se apega ao fato de o hatch ter apresentando um comportamento ‘perigoso’ durante a colisão lateral a 50 km/h que colocam em risco a vida dos ocupantes – o impacto frontal é feito a 64 km/h.

Durante a auferição lateral foram verificados danos ‘dramáticos’ à coluna B (central), localizada entre as portas dianteira e traseira.Isso provocou um evidente afundamento da carroceria e consequente compressão do tórax dos ocupantes dos bancos da frente.

“Mesmo se o Onix tivesse airbags laterais não seriam suficientes para evitar as lesões, devido ao desempenho pobre da estrutura”, observou Alejandro Furas, secretário geral do Latin NCAP.

Além disso, a porta traseira do Onix se abriu no teste, o que representa alto risco para os ocupantes, especialmente crianças.

A falta do controle de estabilidade e de cintos de segurança com pré-tensionadores foi destacada negativamente pela entidade. Mereceram ressalvas também a presença de apenas um cinto de segurança de dois pontos na posição central traseira e a ausência de isofix.

Porém, a nota de proteção para crianças subiu de 20,14 pontos (de um total de 49) e duas estrelas em 2014 para 27,38 pontos e três estrelas dessa vez, isto é, a proteção contra impacto estaria dentro do aceitável. Com o isofix, a classificação seria melhor.

O que diz a Chevrolet

O Latin NCAP incluiu, desde 2016, um teste de impacto lateral como parte de seus protocolos, começando a testar alguns dos modelos mais vendidos que, desde 2014, já eram avaliados no impacto frontal.

Fiat Palio e Peugeot 208 foram os outros dois modelos testados anteriormente nesta nova fase. A dupla  teve melhor desempenho estrutural na colisão lateral do que o hatch da Chevrolet, porém também tiveram notas rebaixadas devido ao desempenho ruim na colisão lateral.

A GM emitiu uma nota em resposta aos resultados do crash test, afirmando que  “cumpre integralmente com todos os requisitos locais de segurança”, e que “acredita que o Onix é um dos veículos mais seguros em seu segmento”.

Confira trechos da nota:

“O Chevrolet Onix cumpre integralmente com todos os requisitos locais de segurança dos mercados onde é vendido na América do Sul…

…A GM está sempre procurando formas melhores e mais inovadoras de atender às necessidades em constante evolução dos clientes globais e melhorar o desempenho em segurança..

…O Onix é o único veículo da sua categoria equipado com a tecnologia OnStar –  oferece serviços únicos de emergência que ajudam a fornecer uma resposta rápida e salvam vidas em acidentes de carro.

Combinado com airbags duplos e freios ABS com distribuição eletrônica de força de frenagem, acreditamos que o Onix é um dos veículos mais seguros em seu segmento, que é apenas uma das razões de ser o veículo mais vendido na América do Sul”.

O Onix já vendeu mais de 620 mil unidades no Brasil desde o lançamento, em 2012. Em 2017, o modelo caminha para o tricampeonato em emplacamentos no país, abrindo ampla vantagem sobre o HB20, segundo colocado. De janeiro a abril, o Chevrolet emplacou 53.313 exemplares contra 32.454 do Hyundai.

Produzido em Gravataí (RS), o hatch também é exportado para Argentina, Colômbia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai. No Brasil, o Onix parte de R$ 41.690 na versão de entrada 1.0 Joy (ainda com o visual antigo), pula para R$ 47.950 no 1.0 LT (visual novo) e bate os R$ 65.250 no ‘aventureiro urbano’ 1.4 Activ, com cãmbio automático.

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