‘O que aconteceu com você, Brasil? A pergunta foi o início de uma lista de duras críticas, mas em tom de piada, que um grupo de mais de mil ONGs fez nesta quarta-feira, 5, ao País durante a Conferência do Clima da ONU, que é realizada em Katowice (Polônia).
O Brasil foi “laureado” com o já tradicional prêmio “Fóssil do Dia”, que é entregue pela organização Climate Action Network para os países que fazem seu melhor trabalho para barrar o progresso nas negociações.
O motivo da honra foram declarações recentes do presidente eleito Jair Bolsonaro e de seu futuro ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, que indicam que o País pode abandonar os esforços de combate ao aquecimento global. Bolsonaro já disse que poderia tirar o Brasil do Acordo de Paris. E Araújo escreveu em seu blog que a mudança climática é parte de uma trama marxista para transferir o poder para a China.
“O local de nascimento da convenção climática da ONU (durante a Rio 92), uma vez celebrada por seus avanços espetaculares na redução do desmatamento e mitigação do aquecimento global, tornou-se motivo de chacota dos negociadores em Katowice”, afirmaram os organizadores da premiação.
Eles destacaram a desistência do País de sediar a conferência do clima no ano que vem, após a gestão Temer ter dito que gostaria de fazê-lo, apenas dez dias antes do início da conferência deste ano. “Bolsonaro cancelou a oferta para sediar a COP 25 no próximo ano porque leu no WhatsApp que o Acordo de Paris é uma ameaça à soberania do Brasil”, disseram.
Os ambientalistas também questionaram as visões de Bolsonaro para a Amazônia. “Os criminosos ambientais estão ouvindo atentamente: entre agosto e novembro, as taxas de desmatamento subiram 32%, e um estudo recente estimou que (a taxa) pode chegar a 25 mil km² por ano, com emissões resultantes de 3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono. Isso é tchau ao 1,5°C (meta de aquecimento do Acordo de Paris).”
Em sua justificativa, os ambientalistas lembraram ainda que a Amazônia “exporta umidade que alimenta as chuvas no sul do país” e disseram que “Bolsonaro está arriscando seu povo e ameaçando o destino de todo o planeta”.
As assessorias de imprensa do presidente eleito e da equipe de transição foram procuradas para comentar as críticas, mas não se manifestaram até o fechamento desta edição.