Ong quer ensinar o povo a combater corrupção

Arquivo / O Estado

O ministro da Controladoria-Geral
da União, Waldir Pires: cancro.

Brasília – A organização da sociedade civil "Força Tarefa Popular" defendeu, ontem, a criação de uma campanha publicitária, promovida pelo governo federal, para ensinar e incentivar a população a combater fraudes e corrupção. Desde o dia 23 cerca de 40 integrantes da entidade e de outras organizações marcham em direção a Brasília para participar do IV Fórum Global contra a Corrupção no próximo dia 7 de junho. A marcha é organizada pela Força Tarefa, pela Igreja Católica e sindicatos. Eles carregam faixas e entregam panfletos sobre o tema para as comunidades que vivem nas margens das estradas.

"Durante o fórum, vamos apresentar uma proposta ao presidente Lula para que ele coloque nos meios de comunicação uma propaganda ensinando o povo a se defender dos corruptos, a exemplo da campanha feita de combate à dengue", afirma o advogado Arimatéia Dantas, coordenador da Força Tarefa Popular. "Não dá para esperar só a Polícia Federal, a Justiça resolver, o povo tem que sair às ruas e gritar. O povo precisa deixar de ser vítima para se tornar fiscalizador das contas públicas. Estamos falando de um patrimônio que é nosso."

Arimatéia participa da marcha, que começou em Posses (GO), já percorreu 82 quilômetros e está agora na BR 020. Ontem, o grupo acampou na cidade de Santa Maria, a 228 quilômetros de Brasília. Na capital, a Força Tarefa Popular também vai pedir que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) coloque o combate à corrupção como tema principal da próxima Campanha da Fraternidade. A organização quer ainda a inclusão do assunto no currículo das escolas.

Mobilização

O ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Waldir Pires, vê com bons olhos a mobilização da sociedade para acabar com a corrupção, que considera um "cancro" para o País. Pires destacou a ação da sociedade civil, do Ministério Público e da própria Controladoria para tornar mais ágeis as investigações sobre desvios. "Ao levar elementos para a Justiça, essa articulação permite a redução da impunidade", afirmou o ministro.

Waldir Pires reafirmou também sua posição contrária à CPMI dos Correios por considerá-la uma tentativa de "manipulação política e desestabilização do governo".

A cientista política Maria Hermínia Tavares também comentou o assunto: "A um ano das eleições, não creio que a CPMI (dos Correios) seja o melhor mecanismo de investigação. Mas ela vai ocorrer e talvez seja o melhor o governo aceitá-la". Professora da Universidade de São Paulo, Maria Hermínia acredita que a sociedade e o Estado estão mais atentos para os casos de corrupção. Prova disso seria a série de denúncias feitas recentemente em várias regiões do Brasil.

"Só é preciso tomar cuidado para não tornar a corrupção o principal tema da agenda política do País", alerta a pesquisadora. Ela e a deputada federal Denise Frossard (PPS-RJ) sugerem a discussão ampla de um novo modelo de gestão do Estado brasileiro, capaz de reduzir as nomeações políticas para cargos do Executivo e, conseqüentemente, as possibilidades de corrupção.

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