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‘Ocupar aumenta exclusão. Aluno quer aula’, diz secretário estadual de educação

Um ano após a primeira ocupação de uma escola estadual contra a chamada “reorganização do ensino” em São Paulo, a reportagem ouviu o secretário estadual de educação José Renato Nalini para que fizesse um balanço da atuação da secretaria após o episódio. Para ele, a ocupação de escolas “aprofunda” a exclusão, pois impede que os alunos assistam às aulas. Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrou neste domingo, 6, que as invasões ainda trazem reflexos às escolas neste ano.

Passado um ano da reorganização, nada foi discutido concretamente, nem no “caso a caso”, conforme prometido pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) em dezembro do ano passado. A Procuradoria Geral do Estado afirmou, no processo da reorganização, que haveria um prejuízo “irreversível” caso a proposta não fosse implementada. Hoje podemos constatar que o número de escolas de ciclo único diminuiu e o de dois e três ciclos aumentou. O governo desistiu oficialmente da reorganização ou podemos esperar novidades em 2017?

Quando assumi a SEE, recebi a comunicação de que o tema “reorganização” havia sido suspenso por um ano. Esse prazo ainda não escoou. Por outro lado, uma estrutura com a dimensão e complexidade da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, mais de 5 mil escolas, quase 4 milhões de alunos, é dinâmica e não estática. Há oscilações decorrentes de alteração na densidade demográfica, aumento de demanda em algumas regiões, refluxo em outras. É natural que haja movimentação.

Quantos encontros do projeto ‘A Escola que Queremos’ foram realizados e qual foi o resultado prático disto?

Inúmeras as visitas a escolas, a diretorias, a polos. O resultado prático é a continuidade do trabalho zeloso e devotado do Magistério e dos demais profissionais da educação e a tranquilidade que é evidente na Rede Pública Estadual Paulista. Não existe controle formal, nem elaboração de ranking, ou preenchimento de formulários. As visitas se amiúdam e são feitas a convite de Dirigentes, Diretores, Professores e Grêmios Estudantis.

O sr. entrou na secretaria bem no meio do que pode ser considerada uma das maiores crises do governo do Estado recente. Que balanço faz hoje do que aconteceu no ano passado? O que acha que faltou? O que acha poderia ter sido feito?

Entrei com a disposição de dialogar, de implementar efetiva gestão democrática e não posso avaliar o período em que não estava à frente da Secretaria. Ocupado com outra espécie de atribuições, não me detive a analisar questões que não me afetavam diretamente.

Que outro tipo de ação a SEE pode fazer tendo o mesmo objetivo da reorganização, ou seja, otimizar os espaços ociosos nas escolas? Isso já está sendo discutido objetivamente?

A SEE trabalha com números, com planejamento efetivo e com o Censo. A partir desses dados, avaliará a necessidade de adequação dos espaços físicos à nova realidade, sempre com ampla consulta à comunidade de interessados.

O sr. avalia que a pressão e a insegurança sobre esse tema paralisaram as ações da SEE de alguma forma em 2016? A pasta teve algum problema em anunciar novidades ou dialogar com as comunidades escolares?

Cumprimos o nosso dever de estimular o aprimoramento qualitativo da educação pública em São Paulo. O resultado foi a primeira colocação no IDEB e o avanço nos índices de avaliação do desempenho do alunado. Isso evidencia que professores continuam a ensinar, alunos continuam a aprender. Ainda há um longo caminho a percorrer. Mas a direção está correta. O diálogo com as comunidades escolares é permanente e saudável. Clima civilizado e cooperativo. Não houve novidades, senão a manutenção da mesma metodologia de ensino/aprendizado, observância do projeto pedagógico e contínuo monitoramento das atividades desenvolvidas em cada classe.

Como avalia as ocupações feitas em outros Estados pelos alunos? SP “deu o exemplo”?

A maioria do alunado quer aulas. Entende que a ocupação das escolas aprofunda a exclusão, pois impede aquele que quer assistir aulas e continuar a aprender, de perseverar no seu processo educativo. As escolas têm de ser ocupadas, sim: alunos assistindo aulas, professores ensinando, supervisores supervisionando, diretores dirigindo, funcionalismo exercendo suas atribuições. Essa a missão da escola pública, sustentada pelo povo que entende ser a educação a mais relevante missão confiada ao Estado, à família e à sociedade.

Como avalia as críticas de estudantes de que muitos grêmios formados neste ano tiveram apoio das diretorias e, portanto, não são legítimos? Muitos alunos dizem que esses grupos não atuam por melhorias nas escolas, mas para “pacificar” os alunos que querem invadir as unidades ou fazer protestos.

Tenho participado de encontros gremistas e me entusiasmo com a clareza desses jovens que mostraram plena consciência do que significa um grêmio: treinamento para o exercício da cidadania. O que significa legitimidade? Observar as regras estipuladas democraticamente e resultantes de consenso de que partilha a grande maioria dos interessados.

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