O governo boliviano do presidente Evo Morales mobilizou a chancelaria para reclamar do Brasil e cobrar explicações sobre a concessão das licenças ambientais para a construção das usinas hidrelétricas no Rio Madeira, em Rondônia, mas o Itamaraty e as empresas Furnas e Odebrecht têm a certeza de que se trata de uma ?manobra política de ocasião?, como disse um diplomata.

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Essa oposição política ao projeto das usinas começou no início deste ano, quando emperraram as negociações sobre o contrato de fornecimento de gás boliviano e o destino industrial e financeiro das refinarias da Petrobras em Cochabamba e Santa Cruz de la Sierra. Paralelo aos problemas nas negociações do gás criados porque o governo da Bolívia chegou a propor tomar a custo zero as refinarias brasileiras, surgiram os protestos contras as usinas hidrelétricas sob a alegação de que elas prejudicaria a bacia hidrográfica boliviana.

Antes dessa animosidade, porém, o próprio Evo festejava a construção das usinas no Madeira. O presidente boliviano foi apresentado aos projetos das duas hidrelétricas no ano passado e considerou as obras importantes para o desenvolvimento da região. O professor Francisco Carlos Teixeira da Silva, então consultor de Furnas, foi quem levou os projetos a Evo. A versão inicial previa não apenas duas, mas quatro usinas – as outras duas hidrelétricas seriam construídas no Rio Mamoré, que é o afluente do Madeira no território boliviano. Segundo Teixeira, que é professor titular de História Contemporânea na UFRJ, o governo da Bolívia não pode se dizer ?surpreendido? pela decisão de o Brasil conceder licença para as usinas de Jirau e Santo Antônio.

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