Após a repercussão negativa da campanha “Gente boa também mata” feita pelo Ministério dos Transportes para alertar sobre os acidentes de trânsito, a Secretaria Especial de Comunicação da Presidência da República (Secom) divulgou nota para salientar que o objetivo nesta primeira etapa foi “chocar” a população.
“O objetivo do governo é chamar a atenção para atitudes que até mesmo pessoas comuns podem ter ao volante, sem avaliar as consequências”, diz a nota do Planalto. “O alerta que se faz é que não apenas o motorista estereotipado como ‘inconsequente’ provoca acidente. Mesmo que involuntariamente, qualquer cidadão pode causar acidentes graves e até mortes no trânsito com pequenas atitudes, como mandar um WhatsApp enquanto conduz, desviar a atenção das ruas ao trocar a música no rádio ou fazer uma ultrapassagem em locais de risco, sem visibilidade ou em trecho com faixa continua”, completa o texto.
A abordagem da campanha repercutiu negativamente nas redes sociais pelo teor irônico e por associar ações negativas a pessoas bem intencionadas. Os vídeos do Ministério dos Transportes, por exemplo, trazem imagens ensolaradas e uma música alegre com pessoas sorridentes praticando boas ações, como ajudar turistas idosos e doar sopas a moradores de rua, mas que podem matar ao dirigir. Em cartazes instalados em pontos de ônibus, a campanha traz frases como “Quem resgata animais na rua pode matar” com o mesmo tipo de alerta.
De acordo com a Secom, a campanha é dividida “em linhas de comunicação por etapas”. “Na primeira, o objetivo é chocar e chamar atenção para as práticas que geram acidentes involuntários por pessoas que não têm o que o governo chama de “perfil de risco”. Em sua segunda fase, a campanha explica de forma mais didática os cuidados para se evitar os problemas ao conduzir veículo automotor, explica a nota.
A polêmica gerada pela campanha “Gente boa também mata” mobilizou parte da rotina no Planalto e auxiliares do presidente Michel Temer passaram o dia preparando uma resposta para a população para tentar minimizar o desgaste com a peça publicitária. Segundo fontes do Planalto, o governo não pretende suspender a publicidade pelo menos inicialmente e acredita que com a “explicação da campanha” a população possa compreender o seu objetivo e as críticas possam ser minimizadas.
A nota elaborada pela Secom destaca ainda que as peças publicitárias levaram em consideração os acidentes de trânsito causados “a partir das cinco condutas mais perigosas segundo as estatísticas da Polícia Rodoviária Federal”: embriaguez ao volante, excesso de velocidade, ultrapassagens irregulares, uso de aparelho celular e não utilização de dispositivos de segurança.