Foto: Daniel Derevecki/O Estado |
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Presidente nacional da OAB, Roberto Busato: um segundo turno seria prudente para toda a sociedade brasileira. |
O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, disse ontem que seria prudente haver um segundo turno na disputa pelo Palácio do Planalto. Acredita que até lá poderiam ser esclarecidas as circunstâncias em que foi produzido o dossiê Vedoin. Busato afirmou ainda que a OAB poderá analisar novamente no próximo ano uma proposta de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
?Um segundo turno seria bastante prudente para toda a sociedade. Primeiro porque traria tempo para se esclarecer toda essa situação. Segundo porque obrigaria uma tomada de compromissos com todos os segmentos políticos brasileiros por parte dos dois candidatos que tivessem a melhor condição no primeiro turno?, disse.
Sobre o pedido de impeachment, Busato afirmou que poderá ser reexaminado pela OAB no próximo ano. ?Se houver um clima para tanto, em face de algumas evidências que possam se encontrar ou um grande debate dentro da instituição, isso (pedido de impeachment) pode voltar à tona?, disse. Em maio, a entidade decidiu não pedir o impeachment de Lula.
Busato classificou como difícil a situação vivida pelo presidente Lula. ?É uma situação difícil que o próprio presidente se vê envolvido por atos de pessoas a ele ligadas, ligadas ao Palácio do Planalto. Esse é um quadro que, realmente, não se esperava para o final da campanha para o primeiro turno?, avaliou.
Para o presidente da OAB, está claro que o dinheiro do dossiê Vedoin foi usado de forma indevida. ?Atrás desse dinheiro venha de onde vier, qual seja a sua origem, se for moeda estrangeira ou nacional, evidentemente que teve um uso ilegítimo, ilegal. Portanto, a origem, a forma como foi conseguida fica superada pelo objeto ilícito para o qual estava sendo usado?, disse.
No conselho
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), divulgou ontem nota na qual pede a seu partido que represente ao Conselho de Ética da Câmara contra o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP). ?O deputado Ricardo Berzoini foi qualificado de ?aloprado? pelo presidente da República por haver participado da malograda operação petista da compra de falso dossiê destinado a interferir, criminosamente no desenrolar da campanha eleitoral?, afirmou Virgílio.
?Aloprado ou não, Berzoini foi acusado pelo próprio presidente da República?, continuou Virgílio. ?E o próprio deputado disse que ?se o Lula falou, está falado?, admitindo ser o Delúbio da vez, o boi de piranha pré-eleitoral?, afirmou o líder do PSDB. Esses fatos, para Virgílio, configurariam quebra de decoro parlamentar por parte de Berzoini. ?Vou, por isso, recomendar à direção do meu partido que promova a devida representação junto ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados?, afirmou Virgílio. Berzoini reagiu à iniciativa do líder do PSDB. ?Os tucanos podem fazer o que quiserem. Têm o direito de representar contra mim no Conselho de Ética?, afirmou ele. ?Só sabem fazer isso, ilação e mais ilação?.
O presidente do PT disse que não tem nada a ver com o dossiê Vedoin. ?Não negociei, não comprei, não fiz transações. Não saiu nenhum centavo do PT nacional para esse negócio?, disse ele. ?Minha saída do comando da campanha do PT foi para evitar que passasse os últimos dez dias dando explicações sobre essa história de dossiê?.
