“O século 21 é nosso”, diz Lula sobre emergentes

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem em Nova Délhi que o século 21 significará o início de uma “nova era” para os países emergentes. “Está começando uma nova era em que países emergentes estão ávidos para se consolidar como economias fortes e preocupadas com seus problemas sociais”, disse Lula.

Nova Délhi – O presidente Lula disse que as nações em desenvolvimento passariam a entrar na era comercial da ciência e tecnologia e não seriam conhecidas apenas como boas produtoras e exportadoras agrícolas e de matéria-prima. Segundo Lula, o comércio Sul-Sul é o novo caminho para que os países em desenvolvimento ganhem auto-estima, possam conquistar espaço na arena global como economias fortes e, ao mesmo tempo, resolver seus problemas sociais.

“Em comércio ninguém faz favor pra ninguém”, observou Lula de improviso para cerca de 200 empresários da Índia e do Brasil. O encontro foi no luxuoso hotel Taj Mahal, em Délhi, onde a comitiva presidencial está hospedada. “Nós é que temos que ir à luta”, disse Lula. Sem menosprezar a importância do comércio com as nações ricas, como os Estados Unidos e a Europa, Lula afirmou que as mais pobres devem se relacionar por meio de parcerias, “sem que nenhum país queira ter hegemonia sobre o outro”.

Ele aproveitou para cutucar os empresários brasileiros, dizendo que os indianos estão mais agressivos na busca por oportunidades de negócios, pois já abriram um escritório no Brasil para tal fim. “Não dá para ficar chorando e cobrando investimentos que o Brasil não tem condições de fazer”, afirmou. “Tem que ser criativo.” Ele voltou a salientar a relevância do G-3, formado por Brasil, Índia e África do Sul, para redesenhar o quadro do comércio global.

Lula destacou a importância estratégica da futura troca comercial a ser feita com os indianos, com os quais o país assinou um tratado de preferências tarifárias no último domingo, além de acordos de cooperação nas áreas social, turística, tecnológica, científica, agrícola e cultural.

“Não podemos ser tratados como países de segunda categoria”, disse, acrescentando que “ou as relações entre os países se dão pela boa-fé de seus governos e a criatividade de suas empresas ou vamos continuar chorando na OMC pelo fim de um subsídio que não vai acontecer”. De acordo com o presidente, o comércio entre Brasil e Índia, de US$ 1 bilhão em 2003, não chega nem a 10 por cento do potencial, podendo alcançar US$ 12 bilhões até 2010.

Lula também falou da importância do crescimento econômico vir acompanhado de mais justiça social, para que a riqueza não seja distribuída apenas entre uma “pequena casta” da sociedade.

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