O polêmico noivado entre o PT e o PSDB para a eleição à Prefeitura de Belo Horizonte dominou as conversas na festa de aniversário do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, que reuniu cinco ministros, deputados e senadores da base aliada e funcionários do Planalto na noite de terça-feira. Inconformados com a parceria entre o governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), e o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (PT), políticos de vários partidos fecharam ali uma estratégia: vão pressionar o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, a aceitar a ‘missão’ de ser candidato à prefeitura da capital mineira.
Sem esconder a alegria com o prestígio demonstrado na comemoração de seus 62 anos, Dirceu adotou tom conciliador. "Não podemos nos esquecer que aquilo que é ruim para o Serra é bom para nós" , afirmou ele, numa referência ao duelo entre os governadores José Serra (São Paulo) e Aécio, que querem ser candidatos do PSDB à cadeira do presidente Lula, em 2010.
Sentado à mesa redonda enfeitada com arranjos de gérberas e rosas, ao lado de Dirceu, o vice-presidente José Alencar discordou do anfitrião. Foi além: propôs que o noivado entre Aécio e Pimentel seja desfeito. "Fizeram esse acordo, mas esqueceram de combinar com os russos", brincou Alencar. Nas rodas de conversas, petistas garantiam que Lula chamará Patrus para conversar. Houve quem estranhasse, lembrando a bênção do presidente à parceria com Aécio em Belo Horizonte, que, se aprovada pelo Diretório Nacional do PT, na segunda-feira, caminha para o lançamento de Márcio Lacerda (PSB) à prefeitura.
"Alguém ouviu Lula dizer que apóia esse acordo?", reagiu o deputado Reginaldo Lopes, presidente do PT de Minas. "Então, temos que tentar." Nas fileiras do PT, Lacerda é tratado como laranja de Aécio e do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), outro presidenciável. Motivo: é secretário de Desenvolvimento Econômico do governo mineiro e já foi auxiliar de Ciro.
Apesar do empenho para salvar a cabeça da chapa em Belo Horizonte, a hipótese de Patrus entrar agora no páreo é remota, já que ele sonha com vôo mais alto: a exemplo de Pimentel, quer concorrer ao governo de Minas, em 2010.