O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Claudio Lamachia, disse nesta sexta-feira, dia 1º, que “o País já não suporta testemunhar tragédias como a de Brumadinho”. Na abertura do Ano Judiciário, em sessão solene no Supremo, Lamachia atribuiu o mar de lama que soterrou dezenas de vítimas – 110 mortos até aqui – à “corrupção, negligência administrativa, desprezo pela vida humana”.
O advogado disse que Brumadinho “reproduz, em circunstâncias quase idênticas e intoleráveis, a tragédia de Mariana, quatro anos antes” – em novembro de 2015, o estouro da barragem do Fundão, também em Minas, matou 19 pessoas.
“Quantas mortes serão ainda necessárias para que isso mude? Até quando?, pergunta o povo, na sua sede de justiça. A resposta terá de ser dada pelos novos governantes”, disse o presidente da Ordem.
Lamachia se despede nesta sexta da presidência nacional da OAB. Ele transmite o cargo a seu sucessor, o advogado Felipe Santa Cruz.
Ele destacou “a importância do papel do Judiciário”. “Neste período, adquiriu tal magnitude que extrapolou sua circunstância institucional. Transfigurou-se em Poder Moderador da República. O desgaste do poder político conferiu-lhe esse protagonismo, inédito e não postulado, mas ao qual não pôde recusar.”
“Nessas circunstâncias, expôs-se, de maneira inevitável, ao debate público e às consequências daí advindas: incompreensão por parte dos agentes políticos, da mídia e da própria sociedade.”