Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, o diretor executivo da Human Rights Watch, Ken Roth, aponta os problemas que levaram as prisões brasileiras à crise atual. Em sua avaliação, as autoridades hoje controlam apenas os muros dos centros de detenção.

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Como o sr. avalia a crise no sistema prisional brasileiro?

Essa crise vem da superlotação que vivem as prisões e há duas razões para isso. A primeira é que poucas pessoas são liberadas enquanto aguardam julgamento. A outra é a guerra contra as drogas.

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De que forma?

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Há um número substancial de pessoas em prisão por posse não violenta de drogas. Se essas duas práticas fossem modificadas pelo Brasil, seria possível reduzir de forma radical o número de presos, a ponto de a segurança recuperar o controle sobre as prisões.

Hoje esse controle não existe?

Hoje, o controle das prisões foi dado aos prisioneiros, o que abriu espaço para esses massacres. Por causa da superlotação, as autoridades perderam o controle e entregaram a administração das prisões dentro dos muros para os presos. Nesse contexto que você tem uma guerra de gangues.

O sistema penitenciário brasileiro cumpre o papel de garantir segurança para a população?

Uma das consequências do controle das prisões pelos presos é que as cadeias se transformam em universidades do crime. Mesmo um jovem delinquente que poderia ser reabilitado pode acabar se formando nessa universidade. E isso não atende às necessidades de segurança do Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.