O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou hoje que o Brasil jamais chegará a uma situação econômica como a da Argentina. ?O Brasil tem um potencial maior e uma base industrial mais sólida?, disse Lula, ao desembarcar em Brasília, primeiro destino de uma jornada por três Estados em apenas um dia, na batalha final pela conquista de votos para seus aliados que disputam o segundo turno da eleição para governador.
Lula aproveitou a oportunidade para criticar seu adversário na disputa pelo Planalto, o tucano José Serra, cuja campanha constantemente afirma que o Brasil quebrará, como a Argentina, caso os eleitores dêem ao petista a vitória no domingo. ?Não sei o que está acontecendo com meu adversário. Ele conhece o Brasil bem e sabe que jamais o Brasil chegará à situação econômica da Argentina ou de qualquer outro país?.
Segundo Lula, Serra parece ?não acreditar na inteligência e na capacidade de compreensão do povo. Acho que ele (Serra) vai arcar com as conseqüências de fazer uma campanha onde meu nome é mais utilizado do que o próprio nome dele. Não sei que tipo de propaganda é essa, mas de qualquer forma, se ele decidiu por esse caminho, as pesquisas estão demonstrando que nós estamos no caminho certo?, afirmou o petista.
O candidato fez também acenos amigáveis aos governadores eleitos no primeiro turno ou que se elegerão no domingo. Disse que tratará todos do mesmo jeito, caso venha a ser eleito presidente da República. ?Nós vamos mudar o hábito de fazer política no Brasil, porque quero tratar todos os governadores em igualdade de condições. Não quero fazer com que alguma pessoa se sinta discriminada porque não pertence ao meu partido?, disse Lula, em outra resposta a Serra, que disse, ontem em Minas, que um governo petista trataria os prefeitos com discriminação.
Embora tenha dito que será respeitoso com todos os governadores eleitos, Lula afirmou que vai continuar lutando para eleger o maior número de petistas, porque isso é bom para o PT e para o Brasil. ?Não é bom só para o partido, é bom para o Brasil. Toda vez que você puder eleger governadores honestos, éticos, pessoas que tenham compromisso com a maioria da população, quem ganha com isso é o povo brasileiro?, afirmou ele.
Para Lula, o fato de estar disposto a conviver bem com todos os governadores, de qualquer partido, não implica que não lute pelos petistas, porque isso ajudará até mesmo no relacionamento político. Por isso é que, segundo ele, ainda percorreria dois Estados hoje, além do Distrito Federal, Amapá e Pará, e três nesta quarta-feira, hoje Ceará, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, este último para ajudar o peemedebista Luiz Henrique. ?Eu acredito que seja obrigação minha visitar todos os Estados e contribuir para eleger o maior número possível de governadores?, afirmou.
O PT disputa o segundo turno em 8 Estados (Amapá, Ceará, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul, Pará, Rio Grande do Sul, São Paulo e Sergipe) e está aliado com outros partidos em mais cinco: com o PMDB na Paraíba, no Paraná e em Santa Catarina, com o PSB no Rio Grande do Norte e com o PSL em Roraima. ?A viagem é importante porque nós temos muitos candidatos a governador disputando o segundo turno. E todos em condições de ganhar?, disse Lula.
A decisão da viagem de Lula para o Ceará foi tomada depois de muito debate interno no PT. No Estado, o segundo turno da eleição está sendo disputado pelo petista José Airton e pelo tucano Lúcio Alcântara, que tem o apoio de Ciro Gomes, ex-candidato do PPS à Presidência que, por sua vez, está ao lado de Lula. A ida do candidato ao Ceará pode complicar o relacionamento de Ciro com Lula, justamente no momento em que o presidenciável começa a procurar entendimentos para a governabilidade, caso vença a eleição.