Munido de habeas-corpus que lhe garante o direito de permanecer calado para evitar que se autoincrimine, o banqueiro sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, entrou na sala da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Grampos, na Câmara, acompanhado por três advogados. Em seu segundo depoimento à comissão – o primeiro foi em agosto do ano passado -, Dantas disse nunca ter fechado contrato com a Kroll. “Eu nunca contratei. Tenho conhecimento que a Brasil Telecom fez dois contratos. Um no Brasil e outro em Londres com o objetivo de recolher provas para que se pudesse instrumentar a Brasil Telecom em uma ação indenizatória que a Brasil Telecom pretendia mover contra a Telecom Itália”, afirmou.
O banqueiro confirmou que foi denunciado pela Operação Chacal, da Polícia Federal (PF), que investiga a suposta espionagem da Kroll contra a Telecom Itália, e lembrou que o processo corre em segredo de Justiça. Questionado pelo presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), se podia compartilhar com a comissão os documentos, Dantas disse que não porque não tem a garantia de que o material não seria vazado. Advertido que estaria desrespeitando a CPI, Dantas se apressou em explicar: “Eu tenho obrigação legal para com os clientes de manter o sigilo. Não pode partir de nós qualquer iniciativa nesta direção”.
A CPI tem tentado obter na Justiça dados sigilosos da Operação Chacal. Para o relator da CPI, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), a obtenção de tais documentos é fundamental para a elaboração do relatório final e do pedido de possível indiciamento de Dantas.