As mortes causadas pela violência policial no Estado do Rio aumentaram em 46% entre janeiro e junto deste ano, em comparação ao mesmo período do ano passado. O dado foi divulgado nesta terça-feira, 9, pelo Observatório de Segurança da Universidade Cândido Mendes e revela que, sob o governo de Wilson Witzel, as ações são muito mais frequentes do que quando o Rio estava sob intervenção militar na segurança.

continua após a publicidade

O levantamento foi feito tendo como base os números do Instituto de Segurança Pública (ISP) do governo do Estado, além de informações divulgadas pela imprensa e mídias comunitárias e dados das próprias forças policiais. No primeiro semestre do ano passado foram registradas 82 mortes por ação de agentes de segurança. Este ano, o número saltou para 120.

Os pesquisadores monitoraram 568 operações policiais e 580 ações de patrulhamento. Tanto na capital quanto na região metropolitana da chamada grande Niterói, quase 40% das mortes registradas foram causadas pela ação da polícia. O uso de helicópteros blindados (chamados de caveirão aéreos) como plataforma de tiro se popularizou nas operações em áreas de favelas. Foram 34 este ano.

“O que a gente tem visto nos primeiros meses de 2019 é que, sob o comando do governo Witzel, as operações policiais mudaram de padrão”, afirmou o pesquisador Pablo Nunes. “Dados do Observatório de Segurança mostram que elas são mais frequentes e mais letais. Constatamos que as populações das comunidades vivem cada vez mais aterrorizadas.”

continua após a publicidade

Os pesquisadores do observatório criticaram também a falta de planejamento estratégico no combate à criminalidade. Segundo eles, as secretarias de Polícia Civil e Militar (o atual governo extinguiu a secretaria de segurança que reunia as duas forças policiais) não têm objetivos, metas, nem formas de avaliar as ações. No primeiro semestre do ano passado, 30% das ações foram conjuntas, contra apenas 3% este ano.

E a lógica que impera é a do combate descoordenado ao tráfico de drogas que, além de ser ineficaz, impõe uma rotina de terror às populações das comunidades.

continua após a publicidade

“Não se pode dizer que exista uma política de segurança pública de fato”, disse Nunes. “Uma política pública tem que ter objetivos e metas a serem atingidos, e indicadores que possam ser monitorados. Não temos nada disso. O governo do estado liberou cada uma das polícias para traçar as metas que bem entender e persegui-las como achar melhor. Isso não tem sido bom para o Rio.”

As assessorias de imprensa da Secretaria de Polícia Militar e da Secretaria de Estado de Polícia Civil informaram que não podem comentar o estudo porque ele não se baseia nos dados oficiais do Instituto de Segurança Pública (ISP). A nota informa que os homicídios dolosos apresentaram uma queda de 24% nos cinco primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. “As ações da Polícia Militar e da Polícia Civil são pautadas por planejamento prévio e executadas dentro da legalidade”, sustentou a nota. “A prioridade da PM é a prisão de criminosos e a apreensão de armas.”