Após a descoberta de três novos cadáveres, chegou a dez o número de mortos na guerra pelo controle das favelas da zona oeste do Rio. O confronto entre traficantes e milícias (grupos paramilitares de policiais e bombeiros que cobram os favelados pela segurança e outros serviços) ocorreu na Favela da Carobinha em Campo Grande. Segundo moradores da região, os traficantes tentaram retomar a favela perdida para os milicianos em dezembro do ano passado e foram mortos. O número de vítimas pode chegar a dez. Oficialmente, a Polícia Civil informou que a chacina foi resultado de um confronto entre traficantes.
"Não devemos com acusações anônimas atribuir isso a policiais. Esperamos que a sociedade se apresente e nos ajude na investigação deste crime. Não podemos arcar com as conseqüências de acusações feitas no anonimato que podem esconder ações do tráfico", disse o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, que disse desconhecer a autoria da chacina.
Segundo os moradores, a tentativa de invasão ocorreu por volta das 3h. Um grupo de pelo menos 10 homens ligados à facção criminosa Terceiro Comando Puro das favelas da Coréia, Rebu e Vila Aliança chegaram até a Favela da Carobinha vestidos de preto, com coturnos, luvas de plástico e tocas ninjas. Alguns criminosos estavam vestidos com camisas da Polícia Civil e outros com camisetas com o símbolo da Polícia Militar.
Segundo os policiais, os milicianos pareciam prontos para o ataque e após balear os invasores levaram, às 6h, dez corpos para a Estrada do Taquaral, próximo ao acesso à Favela da Coréia em Senador Camará, como "provocação e demonstração de força". O traficantes da Coréia teriam retirado três corpos de bandidos locais para o interior da favela. Em seguida, por volta das 8h30 os bandidos pararam o trânsito, roubaram uma Kombi onde colocaram os outros sete cadáveres e levaram para a Rua Manoel Torres localizada a poucos metros da estação de trem do bairro de Santíssimo.
"Meu avô estava passeando com o cachorro e viu os homens chegando em uma Kombi acompanhado por outros quatro em duas motos. Eles proibiram as pessoas de olhar para eles e depois abandonaram a Kombi com os corpos", disse uma adolescente, que acompanhava o recolhimento dos corpos pela polícia.