Novos “mensaleiros” na mira da CPMI

Os integrantes da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios planejam encerrar até 15 de janeiro o confronto de nomes de assessores de parlamentares do Congresso Nacional com dados dos saques das contas do empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza. O objetivo da CPMI é descobrir se outros deputados, além dos 19 já citados pela comissão, receberam recursos do "valerioduto". A comissão desconfia que deputados teriam usado assessores para receber o dinheiro das contas de Valério.

A CPMI dos Correios está analisando uma lista com cerca de 400 nomes de funcionários comissionados da Câmara dos Deputados que podem fazer parte do esquema do "valerioduto". O relator da CPI, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), acredita que, com as investigações, será possível constatar a existência de um número ainda maior de envolvidos. A lista inclui nomes de assessores de parlamentares que podem ter atuado como intermediários dos repasses irregulares de dinheiro, como a mulher e uma funcionária do líder do PP na Câmara, deputado José Janene (PR).

Como frisou o relator, a lista dos funcionários pode ajudar a confirmar novos nomes de deputados que teriam sido beneficiados com o esquema. "A expectativa é essa, pois existem ainda muitos recursos que não tivemos oportunidade de identificar. Existem saques e, já que falamos que pelo menos 40 ou 50 parlamentares estariam envolvidos, é possível que algum assessor tenha participado de saques ou remessas e que possamos comprovar", disse.

O relator confirmou que, ao fazer o cruzamento das informações, descobriu-se, por exemplo, que Stael Fernanda Rodrigues Janene, mulher de Janene, e outra funcionária do gabinete do parlamentar trabalhavam como servidoras comissionadas da Câmara na época em que seus nomes apareceram na movimentação financeira do empresário mineiro Marcos Valério Fernandes de Souza. Serraglio não quis dizer quais outros nomes já foram confirmados nem os valores envolvidos. "Não sou da sub-relatoria de vazamentos", brincou.

A lista analisada pela CPMI – a Relação Anual de Informações Sociais (Rais), espécie de censo do Ministério do Trabalho – foi fornecida pelo Tribunal de Contas da União (TCU) há cerca de 15 dias. Os dados estão sendo cruzados com as informações sobre a movimentação bancária de Valério por meio do I2 – programa utilizado pela polícia britânica que foi comprado pela comissão. Se as informações sobre funcionários levarem a outros parlamentares contra os quais ainda não existem provas de envolvimento no recebimento ilegal de dinheiro, Serraglio adiantou que nova lista com nomes de parlamentares pode ser enviada ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara.

Destino

Dos 19 deputados citados pela CPMI, quatro renunciaram para não perder o mandato, dois foram cassados (José Dirceu e Roberto Jefferson) e dois foram absolvidos (Sandro Mabel e Romeu Queiroz). Ainda está em jogo o futuro de onze. Para Serraglio, a chance de a CPMI dos Correios terminar como a do Banestado – sem conclusão e sem punição dos culpados – é praticamente zero. O relator acredita que o Ministério Público deve denunciar Marcos Valério e Delúbio Soares no começo de 2006. "Não vejo como possam ser excluídos, porque são os que comandaram, além de terem confessado." Ele informou que a comissão deverá pedir o indiciamento de diretores de estatais e dos ex-ministros Gushiken e Zé Dirceu. Serraglio acredita que "Delúbio é muito mais envolvido ou passível de responsabilização do que Genoino, mas minimamente por culpa ele (Genoino) tem que responder."

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