São Paulo – Novos documentos sobre movimentações financeiras no Exterior, divulgados anteontem pelo Jornal Nacional, complicam ainda mais a situação do ex-prefeito Paulo Maluf. São documentos enviados ao Ministério da Justiça do Brasil pelo governo suíço. Com base neles, a Polícia Federal e o Ministério Público de São Paulo investigam enriquecimento ilícito e evasão de divisas.
“Um cidadão brasileiro, de 72 anos, morador de uma casa no Jardim Europa, São Paulo, Brasil”. São esses dados pessoais e uma assinatura que identificam Paulo Salim Maluf como o principal beneficiário da Fundação White Gold, aberta em 1990, em Vaduz, no distante principado europeu de Liechtenstein.
O mesmo documento diz que, em caso de morte de Paulo Maluf, os investimentos da fundação serão divididos assim: metade para a esposa, Silvia Maluf. Outra metade, em partes iguais, para os quatro filhos, devidamente identificados. O documento saiu dos arquivos do UBS em Zurique, na Suíça, por ordem judicial. Foi o banco onde a fundação movimentou dinheiro, como demonstra o extrato. Em uma única semana, uma das contas de investimento da White Gold recebeu quatro depósitos que somam US$ 200 milhões.
Logo após a abertura da conta, um funcionário do banco já estava autorizado a movimentar dinheiro em nome da fundação. Autorização concedida, segundo o documento do banco, pelo mesmo cidadão brasileiro morador da mesma casa em São Paulo. O documento diz ainda que a mulher, Silvia Maluf, e que o filho, Flavio Maluf, também estão autorizados a dar ordens para o procurador do banco UBS.
Mesma pessoa
Cinco anos mais tarde, um escritório de advocacia de Vaduz foi nomeado representante legal da White Gold. Quem assina é alguém identificado como Paulo Salim Maluf – o mesmo cidadão que se diz morador do Jardim Europa, em São Paulo. O endereço é de fato do ex-prefeito, Paulo Salim Maluf. As assinaturas foram levadas para um dos peritos nomeados pela promotoria. Ele comparou uma assinatura que Paulo Maluf reconhece como dele, com as assinaturas que estão nos documentos suíços.
“O traçado dessa assinatura, as características gerais dessa assinatura são compatíveis com um único punho”, analisa o perito Edmundo Braun. Os documentos que chegaram ao Brasil foram todos numerados pelo Ministério da Justiça suíço, que guarda os originais.
Os extratos bancários suíços analisados até agora demonstram que a White Gold manteve, no UBS de Zurique, dez contas em quatro moedas estrangeiras. E, de acordo com as investigações, todo o dinheiro foi transferido em janeiro de 1997: US$ 120 milhões, que migraram da Suíça para a Inglaterra.
Ex-prefeito nega acusações
São Paulo – O ex-prefeito Paulo Maluf negou ontem que conheça a Fundação White Gold, aberta em 1990, em Vaduz, no principado europeu de Liechtenstein. Em entrevista à CBN, o ex-prefeito disse que não tem nenhuma participação na fundação e acusou o promotor Silvio Marques de “alardear” a questão. Segundo Maluf, o Ministério Público está a serviço eleitoral.
Anteontem, o Jornal Nacional, da Rede Globo de TV, divulgou novos documentos sobre movimentações financeiras de Maluf no Exterior. Os documentos teriam sido enviados pelo governo suíço ao Ministério da Justiça do Brasil. Com base neles, a Polícia Federal e o Ministério Público de São Paulo investigam enriquecimento ilícito e evasão de divisas. “Essa é uma mentira que o promotor Silvio Marques está alardeando”, disse.
Segredo
O ex-prefeito disse que o processo está sob segredo de Justiça e não pode ser comentado. Perguntado se deixou um documento assinado autorizando a metade dos bens para a esposa e a outra parte para os filhos, o ex-prefeito disse: “Não vamos discutir sim ou não. Eu tenho ou não tenho o direito de ver o documento na minha mão para ver se ele é meu ou não?”, perguntou, acrescentando com um simples não que nunca assinou qualquer documento com esse teor.
Maluf reclamou de não ter tido acesso aos documentos e disse que está em um país sem direito de defesa democrático. Ele afirmou que “estão substituindo o estado de direito pelo estado de terrorismo iraquiano”. O documento saiu dos arquivos do UBS em Zurique, na Suíça, por ordem judicial. Foi o banco onde a fundação movimentou dinheiro, como demonstra o extrato. Em uma única semana, uma das contas de investimento da White Gold recebeu quatro depósitos que somam US$ 200 milhões.