O serviço Correios Packet, lançado oficialmente nesta semana (24) durante o Latam Cross-Border Summit Rio, no Rio de Janeiro, deverá reduzir o tempo de chegada de encomendas da China de 45-60 dias para 18 dias, e dos Estados Unidos, de 25 para 12 dias, em média.
Os Correios fazem 95% das entregas de mercadorias internacionais no país, o que corresponde a cerca de 200 a 300 mil pacotes entregues todos os dias.
No modelo do Correios Packet, o envio das mercadorias, que antes era feito entre os correios estrangeiros e o serviço postal brasileiro, passa a contar com a figura de uma ou mais empresas privadas, que assumem a primeira função e se tornam responsáveis por fazer com que as mercadorias cheguem em solo brasileiro.
“Este serviço nasceu de uma demanda do mercado. Muitas empresas [de e-commerce] usam o correio na origem para enviar as mercadorias para o Brasil. Para isso, um vendedor na China, por exemplo, teria que falar com o correio chinês, que por sua vez falaria com o correio brasileiro. Nós, então, devolveríamos a informação ao correio chinês para que ele a repassasse ao vendedor. Este processo é muito moroso”, lembra Lemuel Silva, head de Negócios Internacionais dos Correios.
A partir do novo serviço, esta intermediação não será necessária, pois a empresa de entrega privada será responsável por despachar as mercadorias na origem e entregá-las em território nacional, sendo os Correios responsáveis apenas por nacionalizá-las e endereçá-las aos seus remetentes.
“[Quando esta operação é feita] entre correios, uma mercadoria que sai da China pode levar uma, duas semanas para chegar ao Brasil, pois antes ela pode passar pela Europa, Estados Unidos, devido ao aproveitamento de voos, por exemplo. Já neste novo modelo, de operação direta, a empresa enche um [avião] cargueiro e o envia para cá, o que já gera um ganho de uma semana nesta ‘perna’ internacional”, detalha Silva.
Padronização e antecipação dos dados otimizam processo
A otimização do processo e a troca eletrônica de informações sobre as encomendas que serão nacionalizadas são outras características que garantem celeridade ao modelo. Isso porque, ao serem despachados, os pacotes são customizados de acordo com o padrão de etiquetagem, embalagem e fiscalização brasileiros e têm seus dados compartilhados via sistema, o que faz com que a Receita Federal tenha as informações sobre eles antes mesmo de chegarem ao país.
Segundo Silva, isso cria uma espécie de sinal verde que acelera o processo de entrada das mercadorias em solo nacional. Isto porque a fiscalização eletrônica permite que o órgão de controle libere todo um lote de encomendas à distância, sem a necessidade de supervisão física de um fiscal, por exemplo, ao mesmo tempo em que permite a ele saber com antecedência sobre itens que demandem inspeção mais detalhada.
“É um processo 100% automatizado, transparente e rastreável. É o estado da arte em relação à tecnologia no uso de informação eletrônica. Com ele, queremos diminuir os prazos e melhorar a experiência do cliente sem elevar os custos”, acrescenta o head de Negócios Internacionais dos Correios.
Contratação do Packet é aberta a todas as interessadas em intermediar as entregas
Neste lançamento, quatro empresas firmaram contrato com os Correios, que já testou o modelo em fase piloto, e estão com a integração do sistema concluída, prontas para operacionalizar: uma americana, uma chinesa e duas brasileiras.
Uma delas é a curitibana Leve Express, que espera movimentar 10 mil pacotes por dia dentro do modelo até o fim deste ano. Para os próximos um ou dois anos, a previsão é a de que este volume chegue entre 500 mil a 1 milhão de entregas/mês. “Com este produto se consegue juntar as vantagens dos dois mundos para o cliente. Ele consegue ter a capilaridade de que só os Correios dispõem, que é a de estar em todas as cidades do Brasil, e uma operação mais rápida e com mais controle”, avalia Bruno Cichon, diretor da Leve Express.
Além da redução significativa do prazo de entrega, haverá rastreabilidade desde o momento em que o vendedor entrega a mercadoria na origem, proporcionando mais controle, visibilidade e clareza à operação.
“Tudo isso reduz muito a chance de se ter a devolução de um produto”, acrescenta André Boaventura, sócio e diretor de marketing do Ebanx. A financeira curitibana de atuação global (que processa pagamentos de grandes players, como Ali Express) está apresentando o serviço dos Correios aos seus clientes como uma opção viável para melhorar a solução logística das entregas internacionais.
Além da Leve e das outras três companhias que já firmaram contrato com a estatal, outras 35 empresas já demonstraram interesse e aguardam o “sinal verde” dos Correios para fechar os contratos e se integrar ao sistema. “Nossa meta é chegar a 100 empresas no primeiro ano de operação”, projeta Silva.
*A repórter viajou a convite do Ebanx.
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