Dirigentes da fabricante de brinquedos Mattel entregaram nesta quarta-feira (5) ao Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça, documentação sobre o novo recall da empresa, que atinge no Brasil cerca de 7 mil produtos. No mundo, cerca de 850 mil brinquedos devem ser recolhidos nessa nova chamada.
O recall está sendo feito porque os brinquedos, fabricados em empresas terceirizadas na China, estão comprometidos por conterem excesso de chumbo na tinta. O diretor-geral da Mattel, Alejandro Rivas, comunicou hoje o recall ao secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Meziat.
Na documentação, a empresa apresentou o plano de mídia para o recall, que inclui veiculação nos principais jornais do País e chamadas em emissoras de rádio e televisão. O DPDC vai acompanhar, nas próximas semanas, o andamento do recall e poderá multar a empresa, se constatar a ocorrência problemas durante o processo de troca dos brinquedos ou se identificar que houve lentidão do fabricante em fazer o chamamento.
Preventivo
Segundo Rivas, o recall é "100%" preventivo, e não há motivo para pânico dos pais por causa dos brinquedos que estão com um nível de chumbo acima dos padrões recomendados. "Não há perigo. Só há riscos num contato por tempo muito prolongado. Mas recomendamos a devolução do brinquedo", disse o dirigente da Mattel no Brasil. Ele afirmou que não foi identificado nenhum caso de contaminação no Brasil e no mundo.
A Mattel não informou, no entanto, o nível de chumbo encontrado nas tintas dos brinquedos que serão retirados do mercado. "Informações tão técnicas não têm por que estar disponíveis", justificou o diretor financeiro da Mattel no Brasil, Ronald Schaffer. Para ele, essa divulgação técnica poderia causar desinformação ao consumidor. "A interpretação de dados técnicos não é óbvia", disse Schaffer. A empresa se comprometeu a encaminhar os dados técnicos a especialistas.
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Segundo Schaffer, a Mattel praticamente já concluiu todo o processo de análise dos lotes de brinquedos fabricados nos últimos dois anos e não espera fazer novos recalls. Mas o dirigente acrescentou que, a "qualquer leve indício" de problemas, não se furtará a fazer um novo recall, se necessário. "A segurança e a integridade dos nossos produtos é um valor do qual não abrimos mão", disse.
Na avaliação de Schaffer, a parcela dos produtos alvos do recall – 850 mil – é pequena, em comparação com os 800 milhões de brinquedos produzidos anualmente pela empresa em todo o mundo. Apesar do novo recall, envolvendo 7 mil brinquedos, a Mattel anuncia que vai manter os planos de vendas previstos até o final do ano. Mas os dirigentes da empresa admitiram que os recalls devem, no curto prazo, causar prejuízos à imagem e às vendas da Mattel. "Não estamos preocupados quanto vai custar", disse o diretor financeiro, que, no entanto, não forneceu números sobre os custos do recall nem estimativas de queda das vendas.