Brasília – O novo ministro da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), Edson Santos, disse nesta quarta-feira (20), que vai dar continuidade ao trabalho desenvolvido pela ex-ministra Matilde Ribeiro. Segundo ele, medidas como a política de cotas, o estatuto da igualdade racial e a agenda social quilombola serão mantidas e aprofundadas em sua gestão.
Ele lembrou que, embora legalmente libertos, os negros do Brasil não receberam da sociedade ou do Estado os instrumentos necessários para a sua emancipação. ?Privados do acesso à educação, à saúde pública, aos bens materiais e preteridos no mercado de trabalho, aos negros restaram os guetos, as favelas e os subempregos?, disse o ministro.
Santos lembrou os avanços conquistados pelos negros, mas disse que ainda faltam muitos direitos a serem adquiridos. ?Embora não tenham partido a espinha dorsal do racismo e da desigualdade, conseguiram muitos avanços, suados e sofridos. Mas ainda resta muito a conquistar?, disse o ministro, lembrando que os negros compõem a maior parte da base da pirâmide social no Brasil.
Segundo ele, a criação da Seppir colocou a superação da desigualdade racial como uma das prioridades da agenda social do país. ?Hoje, além da fé em nossa luta, inspirada por tantos heróis que tombaram ao longo dos anos, temos os instrumentos necessários para fazer da plena igualdade racial uma realidade em nosso país.?
O trabalho realizado por Matilde Ribeiro também foi citado por Edson Santos. ?Durante cinco anos, ela lutou arduamente em parceria constante com os movimentos organizados para criar os alicerces da política nacional da igualdade racial?, disse. Matilde Ribeiro deixou o cargo devido a denúncias de irregularidades no uso do cartão corporativo do governo.
O ex-ministro interino da Seppir Martvs das Chagas disse que Matilde Ribeiro vai entrar para a história como uma das mais importantes lideranças do movimento negro no Brasil. ?Matilde Ribeiro é uma militante idônea, com uma bela história de vida e militância, e que fez a tarefa histórica de colocar o debate da questão racial de forma definitiva no meio da sociedade brasileira?, disse Chagas.
Para ele, o episódio que culminou no afastamento da ministra foi um ?momento de dor e perplexidade?. Chagas disse que Edson Santos é um dos melhores e mais preparados quadros políticos do Brasil e que a política de promoção da igualdade racial será ampliada e fortalecida na sua gestão.