A ampliação de um laboratório de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias em Campinas (SP) poderá dar ao Brasil acesso a inovações inéditas no País. O Instituto de Pesquisas Eldorado, um centro de inovação privado sem fins lucrativos, inaugurou em agosto novas instalações que permitirão o desenvolvimento, junto a empresas de tecnologia, de linhas de pesquisa em telecomunicações – especialmente tecnologias wireless -, na indústria automobilística e em equipamentos médicos.

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Segundo o superintendente do instituto, Jaylton Ferreira, com a ampliação, o complexo de laboratórios se tornará um centro de convergência tecnológica que permitirá o desenvolvimento de inovações às quais o Brasil hoje não tem acesso.

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“Trabalhamos com um grande número de empresas de tecnologia que estão entre as mais importantes do mundo. Com o novo complexo de laboratórios, poderemos integrar as tecnologias mais variadas, em um tipo de ambiente que existe em poucos lugares do mundo, sem paralelo no Hemisfério Sul”, disse Ferreira à reportagem.

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De acordo com Ferreira, o complexo de laboratórios deverá impulsionar a inovação no País, que ainda tem dificuldade em transformar o conhecimento científico em produtos tecnológicos. “A base maciça de dados com a qual vamos lidar permitirá aplicações em áreas como a tecnologia da informação, as telecomunicações, o setor de energia, o agronegócio e o sistema financeiro”, explicou.

O instituto, que tem 17 anos, executou só em 2015 mais de 140 projetos de pesquisa e desenvolvimento, envolvendo mais de 800 pesquisadores do instituto, em parceria com 60 empresas, como Dell, IBM, Lenovo, Motorola, Samsung, CPFL, HP, IBM e Microsoft, de acordo com Ferreira.

A infraestrutura inicial dos laboratórios, com 1400 m2, deu suporte para os projetos, com testes de tecnologias para o desenvolvimento de celulares, tablets, eletrodomésticos e outros dispositivos, segundo Ferreira. A ampliação acrescentará ao complexo mais 1700 m2 e permitirá a realização de pesquisas em produtos de maior escala, incluindo tecnologias para a indústria automobilística e de equipamentos médicos.

“Nosso investimento na nova infraestrutura foi de R$ 6 milhões. Mas a esses recursos se somam mais R$ 50 milhões em equipamentos para os laboratórios”, disse Ferreira. Segundo ele, o instituto não recebe recursos públicos.

“Hoje nós vivemos dos projetos pagos pelas empresas que demandam resultados. Muitas das tecnologias que desenvolvemos são usados por essas empresas tanto no Brasil como em outros lugares do mundo. Temos uma base de financiamento na Lei de Informática. Com essa lei e outros fundos de incentivos, as empresas têm que fazer, como contrapartida, atividades de pesquisa e desenvolvimento de inovações no Brasil”, explicou Ferreira.

Segundo Ferreira, no entanto, não há produtos com a marca do Instituto Eldorado. O trabalho de desenvolvimento tecnológico é feito em cooperação com as empresas e o resultado, em geral, é propriedade delas.

“As empresas lançam os produtos no mercado mundial com a marca delas, mas as tecnologias são desenvolvidas aqui. É um modelo interessante que tem obtido sucesso”, disse. Segundo ele, nos últimos cinco anos o faturamento do instituto aumentou consideravelmente, saltando de R$ 91 milhões em 2011 para R$ 188 milhões em 2015.

Oportunidade tecnológica

De acordo com Ferreira, com mais investimentos no desenvolvimento de novas tecnologias, o Brasil poderá ganhar espaço no cenário internacional, aproveitando a onda de um novo ciclo de inovação emergente: a “internet das coisas”.

“A internet das coisas irá incorporar e expandir toda a base instalada de conectividade e levar ao limite da aplicação tecnológica todas as coisas cotidianas do nosso entorno, tornando realidade os conceitos de ‘cidades inteligentes’, ‘fábricas inteligentes’, ‘carros inteligentes’ e assim por diante. As tecnologias wireless – nas quais investiremos com força nas novas instalações – irão desempenhar um papel chave nesse novo contexto”, afirmou.

Um dos destaques da ampliação dos laboratórios é uma câmara 100% anecóica (um ambiente sem reflexões de ondas sonoras) que permitirá o desenvolvimento e a modelagem de antenas , incluindo as chamadas “antenas têxteis vestíveis”, especiais para a internet das coisas. O equipamento, único na América Latina, é usado para desenvolver e validar sistemas de transmissão de sinais wireless.