Brasília – A oposição já está farejando novo escândalo que pode sepultar de vez o destino do presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE). Desta vez as suspeitas recaem sobre os contratos celebrados por Severino em 2002, quando era primeiro-secretário da Casa, com os bancos que oferecem empréstimo com desconto em folha aos servidores e pensionistas do Legislativo.
Apenas cinco pequenos e pouco conhecidos bancos privados podem operar o chamado crédito consignado na Câmara – Schahin, Luso Brasileiro, BIC, Cruzeiro do Sul e BGN, este último de Pernambuco, terra de Severino. A escolha dos bancos passou pela primeira-secretaria e não se balizou em critério objetivo de custo dos empréstimos ou qualidade da instituição financeira.
Inicialmente, oito bancos se candidataram às cinco vagas e Severino determinou que a seleção se fizesse segundo a ordem de protocolo das propostas. Seguindo esse critério, em 10 de abril de 2002, Severino assinou documento autorizando o credenciamento de Luso, Pine, BGN, Alfa e Cacique. Mas três deles foram substituídos por razões desconhecidas. Em lugar do Pine, foi credenciado o BIC, em lugar do Alfa entrou o Schahin, e o Cacique operou por um ano e foi trocado pelo Cruzeiro do Sul. Nem o HSBC nem o ABN Amro Bank, grandes bancos privados que também manifestaram interesse no convênio, foram aceitos.
Motivos
No caso do Pine e do Alfa, as diretorias desses dois bancos sequer tinham conhecimento de que haviam sido classificados. ?É a primeira vez que sabemos disso. Tínhamos todo interesse em operar, mas nunca recebemos o código?, assegura o vice-presidente do Pine, Luiz Cláudio de la Rosa. Segundo a assessoria de Severino, um dos motivos para as substituições seria falta de certificado do Banco Central. Mas tanto o Alfa quanto o Pine negam. ?O banco não sofria restrição, tanto que fomos selecionados no Senado na mesma época?, diz o diretor de Varejo do Pine, Mário Werchez. ?Nunca fomos informados de nada?, diz o gerente-geral de Crédito do Alfa, João Carlos José de Oliveira.