Entram hoje em vigor as novas regras para propaganda de medicamentos no Brasil, quase quatro anos depois de o governo iniciar os debates sobre a nova regulamentação. A participação de celebridades está banida das publicidades de drogas vendidas sem receita, as únicas que podem ser anunciadas para o público leigo. Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou novas frases de advertência após os comerciais – sobre o risco de a vitamina C fazer mal aos rins, por exemplo.
Os remédios que só podem ser promovidos para médicos só podem trazer o logotipo do fabricante, medida considerada excessivamente permissiva por especialistas. Houve vetos aos brindes com nomes dos medicamentos. Entidades que acompanharam a discussão protestaram ontem contra a nova regulamentação, apontando que ela não coíbe a manipulação do profissional pela indústria farmacêutica. “A essência da nova resolução não difere da anterior, principalmente no que diz respeito ao assédio sobre os médicos”, alertou José Ruben de Alcântara Bonfim, presidente da Sociedade Brasileira de Vigilância de Medicamentos (Sobravime).
A Sobravime defendeu banir propagandas para leigos e anuência prévia dos anúncios para profissionais, para análise da veracidade de estudos científicos apresentados pela indústria. A Anvisa não se manifestou ontem. Em nota, a agência destacou ter determinado que os estudos apresentados aos médicos devem ter dados corretos. Ainda segundo a agência, durante as discussões, 250 fontes diferentes se manifestaram e houve ainda audiências públicas no Congresso Nacional.