O mosquito Aedes aegypti, transmissor de dengue, chikungunya e zika, espalhou-se no Estado de São Paulo a partir de um triângulo formado pelas cidades de Araçatuba, São José do Rio Preto e Ribeirão Preto, na região noroeste do Estado.
Nos anos 1990, essa era a principal área de permanência do mosquito em São Paulo, segundo estudo do Departamento de Geografia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Presidente Prudente. Em seguida, o mosquito ocupou as áreas urbanas da região metropolitana de Campinas e da Baixada Santista, encontrando condições ideais para sua proliferação.
O transmissor, no entanto, ainda mantém alta incidência no noroeste do Estado. “É onde o mosquito se sente em casa”, diz o pesquisador Rafael de Castro Catão, autor do estudo.
O trabalho, que compõe sua tese de doutorado, indica ainda as regiões onde o mosquito conseguiu menor penetração, como o sul paulista, incluindo o Vale do Ribeira, as cidades das encostas da Mantiqueira, como Bragança Paulista, Atibaia e Campos do Jordão, e a região da Serra do Mar.
As áreas em que o mosquito melhor se adaptou ao ambiente não são, necessariamente, aquelas com maior número de casos das doenças, segundo o pesquisador. Diferentemente do que aconteceu com o vetor, a doença se difundiu por saltos, em que a hierarquia urbana, associada às características ambientais, como temperatura e altitude, orientaram a difusão.
“Cidades de porte maior do interior do Estado, e em áreas com temperatura e altitude favoráveis, receberam a doença antes da sua região de entorno e a espalharam na sua rede mais próxima”, explica.
Catão analisou o movimento da dengue, associado à intensidade dos casos, e constatou que o mosquito ocupou primeiro as áreas mais propícias e depois se espalhou para as de maior população rural, mais altas e mais frias, consideradas menos favoráveis para difundir a doença.
O mapeamento começou a ser feito em 1990 com registros dos casos nos centros de saúde, por meio da notificação compulsória, e que são consolidados nos municípios e no Estado.
Foram levados em conta apenas os casos confirmados. “Mapeamos o número de casos por município e, posteriormente, analisamos a taxa de incidência por 100 mil habitantes. Para o Aedes aegypti, usamos dados municipais da Sucen (Superintendência de Controle de Endemias) desde a aparição do mosquito”, diz.
Mapeamento
Catão usou técnicas de mapeamento espaço-temporal para entender a direção, velocidade e o processo de difusão do transmissor. “Os mapas possibilitam o cruzamento com mais variáveis, como clima, densidade geográfica, proximidade de rodovias, população urbana, permitindo visualizar padrões espaciais e possíveis respostas no tocante à intensidade e à difusão”, diz.
As cidades de Bauru e Marília, no centro-oeste, e as do Vale do Paraíba, apesar de serem de difusão recente do mosquito, apresentam alta incidência, que pode ser explicada tanto pela maior adaptabilidade do vetor quanto pela falta de ações de controle.
A Grande São Paulo, apesar de ter grande número de casos, não registra alta incidência por causa da densidade populacional. Até 2012, último ano analisado, poucos municípios paulistas não tinham o vetor, mas vários ainda não apresentavam a doença por causa das condições menos propícias. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.