Nonô reage e pode ir ao segundo turno

  Anna Izabel / Agência Câmara
Anna Izabel / Agência Câmara

Nonô já tem apoio de seis partidos.

Brasília – A candidatura de José Thomaz Nonô (PFL-AL) à presidência da Câmara, que amanheceu enfraquecida, inclusive com líderes de oposição admitindo que ele poderia não chegar ao segundo turno, ganhou importantes apoios no decorrer desta terça-feira. O candidato da oposição tem apoio formal de seis partidos: PFL, PSDB, PPS, PV, PDT e Prona.

Mesmo com a manutenção da candidatura de Alceu Collares (PDT-RS), o PDT formalizou na tarde de ontem o apoio a Nonô. O pefelista disse acreditar que estará no segundo turno com o candidato do governo, Aldo Rebelo (PCdoB-SP). As eleições serão realizadas nesta quarta-feira, a partir das 10h.

Um sinal de força da candidatura de Nonô foi dado na tarde de ontem, quando pefelista e o presidente do PMDB, em clima de muita cordialidade, registraram juntos suas candidaturas. A coincidência está sendo vista como um sinal de acordo entre os dois para a disputa do segundo turno, também na quarta-feira, a partir das 18h.

Os tucanos demonstram adesão total à candidatura do pefelista. O líder do PSDB, Alberto Goldman (SP), confirmou a estratégia do partido de trazer de volta à Câmara deputados que se licenciaram para assumir secretarias estaduais, a fim de conseguir mais votos para eleger Nonô. Goldman disse que as suplências estão ocupadas por parlamentares de outros partidos, e o objetivo é aumentar a bancada do PSDB, que hoje tem 52 deputados.

O prefeito de São Paulo, José Serra, por exemplo, exonerou ontem o secretário de educação José Aristodemo Pinotti para permitir que ele esteja em Brasília nesta quarta para votar em Nonô. Dessa forma, o deputado federal Marcelo Barbieri (PMDB-SP), suplente de Pinotti e que apóia a candidatura de Temer, não poderá votar na eleição.

Nonô admitiu que os pequenos partidos estão reivindicando que, na votação da reforma política, ele defenda a redução do percentual das cláusulas de barreira: de 5% para 2% de representação federal. Mas reafirmou que não se comprometeu em defender a mudança, apenas de colocar em votação quando der. "O que me foi pedido é que no momento adequado se colocasse em votação, mas isso vale para todas as matérias. Vou agir como magistrado atendendo ao chamamento dos partidos", disse Nonô.

Ele voltou a dizer que não há motivos para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva temer sua eleição, pois não pretende encaminhar um pedido de impeachment descabido e abrir assim uma crise colossal no país. Com liberação de emendas e esforço concentrado de ministros e do próprio presidente, Nonô disse que não pode subestimar a força do governo. Mas alfinetou: "Eu na presidência da Câmara poderia dar muito mais apoio ao governo do que os áulicos (palacianos) , os subservientes e os fisiológicos".

Com os dois registros de ontem (Nonô e Temer), já há dez candidatos na disputa, um número expressivo, no entendimento de Nonô. O líder do PCdoB, Renildo Calheiros (PE), avalia que Temer, Francisco Dornelles (PP-RJ), João Caldas (PL-AL) e Ciro Nogueira (PP-PI) ainda podem desistir da candidatura até as 9h desta quarta-feira. 

Ciro preocupa o governo e a oposição

Brasília – Os líderes da oposição e do governo não escondem a preocupação com o crescimento da candidatura de Ciro Nogueira (PP-PI), que estaria ocorrendo nas últimas horas, e cobram empenho de suas bancadas para impedir a vitória do corregedor da Câmara, que tenta conquistar os votos de Severino Cavalcanti no baixo clero. O deputado Jutahy Magalhães Júnior (PSDB-BA) disse que a Câmara não pode correr o risco de repetir a era Severino.

"Nós não podemos repetir o desastre da era Severino. A Câmara não tem o direito de correr esse risco. Estamos trabalhando para colocar o Nonô no segundo turno, cobrando voto a voto de todos os tucanos", disse.

Nos bastidores, líderes governistas e até o Palácio do Planalto manifestam preocupação com o crescimento da candidatura de Ciro. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu com Luiz Antônio Fleury (PTB-SP) na intenção de pedir a ele para manter a candidatura. O petebista confirmou que não vai desistir: "Nossa candidatura está crescendo, ganhamos o apoio do Câmara Forte", disse Fleury, referindo-se ao grupo suprapartidário que, em fevereiro, apoiou a candidatura dissidente do petista Virgílio Guimarães (MG).

Fleury disse ainda que fez uma avaliação ao presidente de que não via chance de Aldo Rebelo (PCdoB-SP) vencer no primeiro turno. Confiante de que estará no segundo turno, mas sem mencionar seu possível adversário, o deputado do PTB disse apenas esperar o apoio de Ciro Nogueira (PP-PI) e de João Caldas (PL-AL).

Mais cedo, Ciro acusou o governo de apostar na pulverização de candidaturas para favorecer Aldo. Segundo ele, alguns candidatos estariam servindo de massa de manobra para o Planalto. "Eu espero que as pessoas que forem se candidatar coloquem seus nomes para valer, e não para servir de massa de manobra. Tenho certeza que o Planalto trabalha para que não se tirem as candidaturas, principalmente as da base aliada", afirmou.

Indagado se o deputado Francisco Dornelles (PP-RJ) também estaria seguindo a orientação do Planalto, Ciro disse que o correligionário não está suscetível a esse tipo de pressão e voltou a dizer que vai procurar Dornelles para convencê-lo a desistir da candidatura em favor da sua.

Votação só começa com 257 no plenário

Brasília – A sessão que elegerá o novo presidente da Câmara começará às 10h. Mas a votação, secreta, em cédulas de papel, somente terá início quando o painel eletrônico marcar a presença de 257 deputados no plenário número mínimo para que a ordem do dia seja iniciada. Será feito então, o sorteio da ordem dos discursos dos dez candidatos. Cada um terá direito a 15 minutos para fazer a sua propaganda e pedir o voto.

A Mesa Diretora calcula que o primeiro turno será encerrado entre 15h e 16h, quando começará a apuração. O segundo turno de votação (se houver, e tudo indica que haverá) terá às início às 18h. Terminará por volta das 22h. Desta vez, a direção da Câmara quer evitar que a votação estenda-se pela madrugada, como no dia 14 de fevereiro, quando Severino Cavalcanti (PP-PE) foi eleito.

Aquela sessão iniciou-se às 16h e a votação terminou às 2h19. O segundo turno entre Severino Cavalcanti e Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) teve início as 3h58. A votação terminou às 6h30, quando Severino tomou posse e deu início à escolha dos outros cargos da mesa, o que acabou às 9h31.

A Secretaria-Geral da Câmara mandou imprimir 5 mil cédulas para cada um dos 10 candidatos e 513 envelopes azuis, exatamente o número de deputados, onde os votos terão de ser depositados. O número excessivo de cédulas se explica porque muitos candidatos ou cabos eleitorais costumam entrar na cabine e pegar os papéis para fazer campanha. Durante todo o processo de votação haverá uma cabine do lado esquerdo e outra do lado direito do plenário. Os parlamentares são divididos em duas turmas, por estados, em números que se aproximam dos 257 em cada uma, a metade mais um de 513.

Se o eleito presidente for José Thomaz Nonô (PFL-AL), atual vice-presidente, Ciro Nogueira (PP-PI), segundo vice, ou João Caldas (PL-AL), quarto secretário, ele terá de renunciar ao cargo que ocupa hoje antes de assumir a presidência. O ato de renúncia dos três já está pronto e será lido caso um deles seja o escolhido. A eleição para o substituto, no caso de um deles ser o eleito, ocorrerá na próxima quarta-feira.

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