A primeira manhã da Operação Braços Abertos – conjunto de ações voltadas à redução de danos, que inclui fornecimento de habitação, alimentação, emprego e assistência médica para moradores da Cracolândia, no centro de São Paulo – deu mostras do tamanho do desafio que o programa da gestão Fernando Haddad (PT) deve enfrentar nos próximos meses. Já com os uniformes do novo emprego, de varredor de praças, parte dos dependentes caminhou da Rua Helvetia para o Largo Coração de Jesus, onde ainda há tráfico de drogas, e fumaram pedras de crack antes de trabalhar, nesta quinta-feira, 16.
A reportagem contou oito atendidos pelo programa entre a multidão que ainda permanece ali. Poucos, em relação aos cerca de 300 dependentes que estão no programa. A Operação Braços Abertos consiste em custear o aluguel de quartos para os ex-moradores da minifavela da Cracolândia, fornecer três refeições por dia, dar emprego na varrição de praças (com jornada de quatro horas diárias e salário de 15 reais por dia) e manter acompanhamento médico para eles.
A secretária municipal de Assistência Social, Luciana Temer, diz que a Prefeitura está preparada para “ser bombardeada” por críticas ao projeto, mas que a proposta é de longo prazo e é preciso persistência. “É uma construção. É um programa da (secretaria) de Saúde. Todos os outros aspectos, de trabalho e assistência, são complementares”, disse. “Teve um grupo que até disse que precisava ir usar a droga, insistia. Não dá para impedir. Mas é importante eles voltarem para o trabalho e se manterem conectados”, disse. O prefeito Fernando Haddad esteve lá na manhã desta quinta-feira. Ouviu perguntas dos atendidos. “É só até a Copa? Até quando vai durar?”, questionou um deles. Haddad disse que o programa é feito “para dar certo” e não tem prazo de término.