No plenário, Mabel é 1º a ser absolvido

O líder do PL na Câmara, Sandro Mabel (GO), foi absolvido ontem por 340 votos a favor e 108 contrários. Foram registrados 2 votos nulos e 17 abstenções. Tornou-se, assim, o primeiro acusado pelas Comissões Parlamentares Mistas de Inquérito (CPMIs) dos Correios e do ?Mensalão? a livrar-se da condenação em processo de cassação por quebra do decoro parlamentar.

Desta vez, ao contrário da sessão no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara do dia 1.º, quando foi absolvido por unanimidade – 14 votos a 0 – Mabel não chorou. Agradeceu, assim, pelos votos pela manutenção do mandato: ?Obrigado pela confiança, o ?Sandrão? voltará a ser feliz?.

O relator do pedido de cassação de Mabel, deputado Benedito de Lira (PP-AL), pediu o arquivamento do caso não por ter concluído que o líder do PL é inocente no escândalo do ?mensalão?, mas por falta de provas. Mabel alegou não ter nada a ver com o esquema. A deputada Raquel Teixeira (PSDB-GO), a quem ele teria oferecido R$ 30 mil por mês e R$ 1 milhão no fim do ano para que se transferisse de partido, depôs duas vezes ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar – numa delas, uma acareação com Mabel – e sustentou a versão. O deputado negou tudo. No discurso, Mabel disse que viveu um calvário nos últimos 153 dias. ?É duro, é humilhante, é triste, triste para valer.?

O processo foi aberto na Câmara a pedido do PTB, depois que o deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) contou que Raquel tinha dito ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que havia sido procurada com a proposta milionária. Mas o governador que falou do ?mensalão? ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva mandou depoimento ao Conselho de Ética e Decoro no qual desautorizou Raquel. Entre o dito pelo não dito, Lira preferiu arquivar o processo, por falta de provas.

A absolvição de Mabel não deve significar um alívio para os outros 13 deputados que respondem a processo por quebra de decoro parlamentar por estarem envolvidos no ?mensalão?. À exceção do deputado Pedro Henry (PP-MT), contra o qual não há provas, todos os outros ou pegaram ou mandaram funcionários e assessores retirar dinheiro das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza.

Durante a fase de investigação, Mabel admitiu que convidou vários parlamentares para ingressar no PL e fazer parte da base aliada do governo Lula, mas garantiu que jamais fez propostas financeiras. No parecer pela absolvição, Lira considerou que Mabel ?não possui nenhuma ligação com Marcos Valério Fernandes de Souza, estando imune às negociatas dirigidas por este?. O relator disse que a acusação de Raquel é ?frágil e desconcatenada?.

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