3º dia
O médico Leandro Boldrini, pai de Bernardo Boldrini, de 11 anos, morto por superdosagem de medicamento sedativo, disse em depoimento na quarta-feira, 13, que a madrasta do garoto foi a mentora do crime. A criança foi morta em abril de 2014 em Três Passos, no norte do Rio Grande do Sul.
O júri popular começou na segunda-feira e deve terminar só no fim da semana. O réu acrescentou que não se preocupou com o sumiço do menino no dia 4 de abril de 2014, data da morte, porque Bernardo costumava ir para a residência de amigos jogar videogame.
Antes, o promotor Ederson Vieira mostrou extratos de ligações do réu na época do crime, citando um espaçamento de quase um dia sem ligar para o filho desaparecido. Hoje, a madrasta Graciele Ugulini, que se manteve em silêncio até agora, será ouvida.
2º dia
O segundo dia de julgamento dos quatro acusados de assassinar o menino Bernardo Boldrini, de 11 anos, no interior do Rio Grande do Sul, contou com o depoimento de seis testemunhas, durante oito horas de sessão. A primeira a falar, na manhã de terça-feira, 12, foi a vizinha da família Boldrini, Juçara Petry, por quem Bernardo tinha um carinho especial e a quem tratava como mãe.
Durante as declarações, Juçara se emocionou várias vezes ao se lembrar do garoto e, antes de prestar depoimento, solicitou à juíza a retirada dos quatro réus da sala, o que foi aceito. Nas declarações, a vizinha ressaltou que, na companhia do marido, incentivava a aproximação de Bernardo com o pai dele, o médico Leandro Boldrini, acusado pela morte. Também afirmou que costumava ajudar o garoto com os deveres da escola e que havia escutado pedidos de socorro do menino.
Durante o depoimento, ela recordou as vezes em que Bernardo chegou em sua casa mal vestido. “Ele chegava da escola com a roupa suja e não tinha outra, então eu lavava a roupa dele, colocava um pijama e, no outro dia, o levava para a empresa, e lá ele ficava comigo, fazia os temas”, disse a empresária. Juçara depôs por cerca de 3 horas.
À tarde, a psicóloga de Bernardo prestou depoimento. Ariane Schmitt afirmou que atendeu o garoto em seis consultas. A primeira sessão ocorreu em 2011, depois que mãe do menino, Odilaine Uglione, se suicidou. A psicóloga comentou sobre medicamentos de uso controlado que o menino costumava carregar e que administrava por conta própria. Para Ariane, Leandro Boldrini é um homem “tangencial, periférico, sem vínculo e empatia”.
Durante a sessão, vídeos de Bernardo se trancando em um armário e segurando uma faca enquanto era filmado pelo pai foram exibidos para os jurados.
Uma das testemunhas afirmou que ouviu a própria madrasta de Bernardo, a enfermeira Graciele Ugulini, também acusada pelo crime, reclamar que “não aguentava mais o guri, que tinha de internar em um colégio e que dinheiro ela tinha pra dar um fim no guri”, disse Andressa Wagner, ex-secretária de Leandro Boldrini, aos jurados.
Andressa também contou que Graciele pedia que ela “expulsasse” o garoto do consultório médico do pai. Já a testemunha elencada pela defesa de Leandro Boldrini, a ex-babá do menino Lori Heller respondeu apenas a questionamentos pontuais e 15 minutos após as primeiras declarações passou mal e teve de deixar a sessão com pressão alta.
1º dia
Começou na segunda-feira, 11, o julgamento dos acusados pela morte do menino Bernardo Boldrini, de 11 anos. A sessão começou às 9h30 no Fórum da cidade de Três Passos, no norte do Rio Grande do Sul, O julgamento é conduzido pela juíza Sucilene Engler.
O menino foi assassinado em abril de 2014 e o corpo foi encontrado 10 dias depois, enterrado e envolto em um saco plástico. O pai, Leandro Boldrini, e a madrasta, Graciele Ugulini, foram presos pelo crime, assim como Edelvânia e Evandro Wirganovicz. O grupo responde por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Além disso, Leandro Boldrini responderá pelo crime de falsidade ideológica.
A primeira etapa da sessão foi a escolha dos jurados e, logo depois, a delegada responsável pelo caso, Caroline Bamberg Machado, começou a depor. O depoimento durou cerca de quatro horas e meia e Caroline respondeu a todas as questões feitas pela juíza, promotores e advogados.
A policial explicou que a hipótese de assassinato ganhou força com os depoimentos sobre abandono e descaso do pai e da madrasta em relação a Bernardo. Durante a declaração, a delegada afirmou que considera a confissão de Edelvânia uma prova que, associada a outras, ajudaram na sua convicção do crime e ressaltou que “em nenhum momento Edelvânia foi coagida”, disse.
A delegada Cristiane de Moura, de 44 anos, também prestou depoimento.
O caso
Bernardo desapareceu no dia 4 de abril de 2014. O corpo foi encontrado no dia 14, enterrado em um matagal, em Frederico Westphalen, a 80 quilômetros de Três Passos. A polícia prendeu a madrasta, Graciele Ugulini, o pai de Bernardo Leandro Boldrini, a assistente social Edelvânia Wirganovicz e o irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, como suspeitos do crime.
A investigação apurou que o garoto era rejeitado pela madrasta, sofria com o descaso pai e havia pedido à Justiça para morar com outra família. Por acordo proposto pelo pai e aceito por Bernardo no início daquele ano, haveria uma tentativa de reaproximação familiar. Foi nesse período que o menino foi assassinado.