Brasília (AE) – Mesmo diante da ofensiva desencadeada pelo governo desde que desmentiu o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, o caseiro Francenildo Santos Costa, o Nildo, disse ontem que não se arrepende do que fez. No depoimento à CPI dos Bingos, Nildo falou sobre as idas de Palocci à casa alugada por seus amigos de Ribeirão Preto com dinheiro de uma empresa, onde se reuniam empresários e garotas de programa. ?Eu falei sempre a verdade e ninguém que fala a verdade pode se complicar?, disse hoje. Para agüentar a pressão, afirmou que mantém a força graças às orações de sua avó Maria das Dores, ?uma beata?, e da fé que tem em Deus. ?Se eu não tivesse fé em Deus, já tinha chutado o balde?, desabafou.
O caseiro afirmou que não dava mais para fazer de conta que não sabia de nada, enquanto ?pessoas poderosas? continuavam mentindo. ?Estava tudo entalado, eu não podia continuar vendo aquele sem-vergonha mentindo?, alegou. ?Hoje, ele está ministro, mas depois poderia virar presidente e governar o Brasil.? Ele contou que se surpreendeu com a reação provocada por suas declarações. ?Pensava que não ia chegar aonde chegou?, confessou. Ainda assim, disse que se sente bem, ?com a consciência limpa? e sem temor do que possa lhe ocorrer daqui para frente. ?Eu não tenho medo, não. A verdade dói, mas é boa. O que me deixa constrangido é ter votado neste PT, que está me desrespeitando?, ressalvou.
Habeas corpus
Dois procuradores da República no Distrito Federal pediram ontem um habeas corpus em favor do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Eles querem o trancamento da parte do inquérito aberto na Polícia Federal para investigar se Costa cometeu crime de lavagem de dinheiro.