São Paulo
(Das agências) – O ex-juiz Nicolau dos Santos Neto foi condenado ontem a oito anos de prisão, que deverá cumprir em uma colônia agrícola do Estado de São Paulo, de acordo com sentença anunciada pelo juiz da 1.ª Vara Federal, Casem Mazloum. Nicolau foi considerado culpado no processo – de 77 volumes e mais de 20 mil páginas – que apura o desvio de R$ 169 milhões das obras do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, pelos crimes de evasão de divisas e de lavagem de dinheiro.O juiz aposentado, que tem 73 anos, também foi condenado a pagar R$ 1,92 milhão de multa e teve todos os bens confiscados, à exceção da mansão onde mora a sua família, no elegante bairro do Morumbi, Zona sul da capital paulista, pois foi adquirida antes dos desvios da obra do Fórum Trabalhista. Entre os bens que foram confiscados em favor da União, estão o apartamento de Miami, o dinheiro depositado na Suíça e nas Ilhas Cayman e o imóvel do Guarujá; proibição de ocupar qualquer cargo público no prazo de 16 anos e proibição de apelar em liberdade. O juiz aposentado está preso desde 8 dezembro de 2000 na carceragem da Polícia Federal. Segundo a assessoria de imprensa da PF, a ordem judicial não chegou durante o dia e o preso deve ser transferido apenas hoje, já que não é praxe fazer transferências à noite.
O ex-juiz foi encontrado pela Polícia Federal em dezembro de 2000 no Sul do País, após mais de sete meses de busca no Brasil e no exterior. Ele passou no Uruguai boa parte do período em que esteve foragido da polícia brasileira. A prisão havia sido decretada em 25 de abril de 2000. Do esquema também teriam participado os empresários Fábio Monteiro de Barros Filho, José Eduardo Teixeira Ferraz – donos da construtora Incal – e Pedro Rodovalho e o ex-senador Luiz Estevão. Os quatro foram absolvidos pelo juiz Casem Mazloum. Estevão teve seu mandato cassado no Senado.