Negociação com PT está “por um fio”, afirma Temer

O comando nacional do PMDB espera uma manifestação clara do governo Luiz Inácio Lula da Silva de que pretende fazer um entendimento institucional e formal com o partido para as eleições para as presidências da Câmara e do Senado.

A recente movimentação da ala dissidente do PMDB, especialmente a declaração do senador José Sarney admitindo disputar a presidência do Senado como candidato avulso, é o que está preocupando os dirigentes formais do partido.

Tanto que o presidente do PMDB, Michel Temer, disse que o entendimento com o PT está por um fio. – Surgiu um fato novo que é o fato do senador Sarney admitir ser candidato avulso – disse o líder Geddel Vieira Lima, lembrando que no acordo firmado entre PT e PMDB as bancadas majoritárias indicariam os nomes à presidência de cada uma das Casas: PMDB no Senado e o PT na Câmara.

Incomodou especialmente à direção peemedebista a declaração de Sarney de que o PMDB queria tungar o PT. -Só se o PMDB estivesse aprendendo com Sarney, e não está. Só se o PMDB estivesse fazendo o que ele fez com o Fernando Henrique -disse Geddel.

Mesas

O anúncio da possível ruptura do acordo entre PT e PMDB – partidos com a duas maiores bancadas no Congresso Nacional -, para a composição das mesas da Câmara e do Senado respectivamente, já despertou a atenção do PFL. Segunda maior bancada nas duas Casas, a prioridade do partido é formar com o PSDB o bloco da chamada “oposição responsável” ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas não está fora de cogitação a disputa pela Presidência do Senado, com a indicação do ex-vice-presidente da República, Marco Maciel, senador eleito em outubro último.

“Não é a nossa prioridade mas, como dirigente partidário, digo que qualquer partido se sentiria muito honrado em ocupar a presidência do Senado”, disse o deputado federal Gilberto Kassab (PFL-SP), secretário nacional do partido e vice-presidente d o PFL paulista. “A nossa energia, hoje, está concentrada no fortalecimento do partido e na viabilização desse bloco de oposição, que será responsável, consciente, preparada para defender os projetos de interesse do país”, completou.

Sondagens

Kassab confirmou as sondagens em torno do nome de Marco Maciel. “É natural que o nome dele seja um dos cotados dentro do PFL, é um bom nome, tem um perfil conciliador. Mas em nenhum momento podemos misturar as coisas: hoje, a presidência do Senado não cabe ao PFL”, disse Kassab, que evitou falar sobre a disputa interna no PMDB.

Porém, o presidente nacional do partido, deputado Michel Temer (SP), disse que o acordo com o PT para a composição das mesas está “por um fio” por causa da indicação do senador José Sarney (AP) para a presidência do Senado. Temer quer ver no cargo o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Sarney integra a ala do PMDB que apoiou a candidatura de Lula e é liderada pelo ex-governador Orestes Quércia (SP) e pelo governador Roberto Requião (PR).

Disputa confirma racha

Brasília

(AG) – Mais do que indicar um nome para a presidência do Senado, a disputa interna acentua o racha no PMDB que pode até convocar convenção extraordinária, para o dia 25 próximo, para trocar o comando nacional do partido. Enquanto isso, o PFL assiste o desenrolar da crise peemedebista. “Não há dúvida de que o PFL está na tranqüilidade absoluta, faremos uma oposição temática e fiscalizadora”, disse uma liderança pefelista.

Segundo a mesma liderança do PFL, entre os nomes do partido, o de Maciel é o que “certamente traria mais equilíbrio ao país, pelo estilo e pelo bom senso que ele tem”. “Estão brigando o Sarney, o Renan e o Ramez Tebet, mas quando três brigam, o posto acaba sobrando para uma quarta pessoa, um nome de consenso”, completou. Além de conhecer o trâmite do Executivo, por ter sido vice-presidente da República por oito anos, Maciel é pernambucano, como Lula, lembra o pefelista. “Ele é a pessoa certa, daria conselhos da melhor qualidade ao presidente Lula”.

Dirceu debate estratégia com líderes

Brasília

(AE) – O chefe da Casa Civil, José Dirceu, reúne-se hoje com os novos líderes do PT na Câmara, Nelson Pelegrino (BA), e no Senado, Sebastião Viana (AC), com o objetivo de montar uma estratégia partidária para a eleição dos presidentes da duas Casas. Além disso, será discutida a montagem do esquema para garantir ao governo maioria no Congresso e definir como o partido conseguirá a aprovação das reformas constitucionais.

Para serem aprovadas, as propostas de emendas constitucionais (PECs) precisam do quórum de três quintos nas duas Casas – 308 deputados e 49 senadores. Participará também da reunião, segundo informou há pouco o presidente nacional da legenda, deputado José Genoino, o candidato a presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP).

Nesse encontro, os petistas pretendem conversar também sobre a rodada de reuniões previstas nesta esta semana com presidentes e líderes de todas as siglas para definir a agenda do Legislativo. Genoino explicou que, antes de montar o plano de apoio político para as reformas, a agremiação tem como prioridade a eleição das Mesas Diretoras”.

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