Uma somatória de negligência e imprudência motivou o naufrágio do barco Cavalo Marinho, ocorrido no dia 24 de agosto de 2017, quando a embarcação fazia a travessia entre a Ilha de Itaparica e Salvador, na Baía de Todos os Santos, deixando 19 pessoas mortas. Essa foi a conclusão da investigação realizada pela Marinha e divulgada nessa terça-feira, 23, na capital baiana.
O inquérito, contendo 1,2 mil páginas, reúne cerca de 50 interrogatórios, depoimentos de testemunhas, laudos técnicos e simulações realizadas pelos órgãos competentes, para atestar as circunstâncias em que ocorreu o acidente e apontar a responsabilidade.
O comandante do 2º Distrito Naval, o vice-Almirante Almir Garnier Santos, e o capitão dos Portos Leonardo Reis, que apresentaram o resultado da investigação em entrevista coletiva à imprensa, disseram que o levantamento aponta que o engenheiro responsável pelo barco e o proprietário da embarcação agiram de forma negligente e o comandante do barco foi imprudente.
Eles observaram que, apesar de o barco ter passado por vistoria da Marinha quatro meses antes da tragédia, no mês de maio foram realizadas mudanças irregulares, sem nova avaliação do órgão responsável.
O capitão Leonardo Reis destacou a instalação de um novo lastro na embarcação, formado por pedras, com cerca de 400 quilos. Segundo ele, o balanço da lancha, no mar agitado, fez com que as pedras corressem para o mesmo lado que os passageiros, ocasionando o naufrágio. Também foi relatado a exposição da embarcação a condições meteorológicas adversas, com tempo muito instável.
O laudo será encaminhado ao Tribunal Militar, no Rio de Janeiro, para ser validado por novos especialistas, mas ainda sem previsão de conclusão. Os implicados no acidente já foram notificados pela Marinha e dispõem de prazo de 10 dias para apresentar defesa.